"Meu suposto fracasso se deve ao fato de eu ser quem me tornei e ser incapaz de ser outro. Me tornei alguém convicto de que minha estrutura biológica é um lixo. Alguém já quase sem esperança de que espírito existe."
Isso foi extraído de um "about me" de um/a blogueiro/a e em respeito a ele/a não vou revelar seu nome. Mas achei forte, complexo, quase desesperado, e com uma franqueza e autenticidade que só aqueles que não temem exibir sua alma são capazes. Fiquei surpreso com sua pouca idade. Sua própria narrativa já atesta que pelo menos ele/ela tem um espírito, e não é um espírito qualquer, é vastíssimo, parece ser como um terreno acidentado, com trilhas que levam a cumes e outras que o/a encaminha a profundas depressões. Lendo coisas dele/a é que entendemos a frase "Ignorance is bliss", acho que é Nietzsche, diz algo como "a ignorância é uma benção". Se ele/a fosse um a pessoa medíocre, preocupado/a com seu status social e incapaz de pensar por si só, não escreveria coisas amargas e profundas assim. Mas achei legal a forma como ele/a concluiu:" Talvez esse alguém só precise achar pessoa que o compreenda para que o fracasso vire vitória."
Dane-se os outros e seja você mesmo/a, por mais diferente dos que os circundam.
Na verdade posso estar equivocado em minha interpretação, não sei o que ele/a quis dizer com "estrutura biológica", mas me identifiquei bastante com sua dificuldade de mudar a si próprio/a, com sua alma atormentada, mas também com o otimismo e atitude positiva que esboça na última linha. Para se livrar desse sentimento de angústia gerada pela recusa em se aceitar, há que se buscar respostas dentro de cada um, mas paradoxalmente, o caminho para se chegar lá é através do seu relacionamento com o mundo exterior. A sociedade nos impõe um ritmo frenético, exige que nos adaptemos a novas situações cada vez mais rápido. Me lembrou de um filme genial: "Adaptação". Mas esse merece um post só dele. Quanto a esse/a blogueiro/a anônimo/a, gostaria de dizer que ele/a não é o único a ter dificuldades de lidar com si próprio que não está só. E que o processo de auto-conhecimento pode ser doloroso, mas não há nada mais recompensador do que encontrar seu lugar no mundo. Aproveito a deixa para publicar a letra de uma música sublimemente melancólica. Uma daqueles que sabemos que vai nos acompanhar pelo resto de nossas vidas. Estátua que homenageia a música, em Liverpool
Eleanor Rigby (Lennon & McCartney)
Ah, look at all the lonely people
Ah, look at all the lonely people
Eleanor Rigby, picks up the rice
in the church where a wedding has been
Lives in a dream
Waits at the window, wearing the face
that she keeps in a jar by the door
Who is it for
All the lonely people
Where do they all come from?
All the lonely people
Where do they all belong?
Father McKenzie, writing the words
of a sermon that no one will hear
No one comes near
Look at him working, darning his socks
in the night when there's nobody there
What does he care
All the lonely people
Where do they all come from?
All the lonely people
Where do they all belong?
Ah, look at all the lonely people
Ah, look at all the lonely people
Eleanor Rigby, died in the church
and was buried along with her name
Nobody came
Father McKenzie, wiping the dirt
from his hands as he walks from the grave
No one was saved
All the lonely people
Where do they all come from?
All the lonely people
Where do they all belong?
Todos temos nossos momentos “Eleanor Rigby”, que de acordo com McCartney, é uma solitátria senhora responsável por limpar a igreja depois de casamentos, arrependida de não ter ido ao seu próprio matrimônio, décadas antes, triste em meio a tanta alegria. Me sinto como o Padre McKenzie, escrevendo coisas que ninguém vai ler.
Um comentário:
Não é tão autentico se sentir o "rejeitadinho" do mundo, ´já rendeu bons filmes e livros, cito: Como me tornei estúpido. Vale a pena ler.
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