sexta-feira, 28 de julho de 2006

Vida e Morte de Peter Sellers

Ontem eu vi o filme Vida e Morte de Peter Sellers. Sabia que ele era meio problemático, fazia o chavão do ator temperamental, mas não tinha idéia do quanto era atormentado. Sua vocação, o atributo que o fazia tão especial, tão aclamado, ao mesmo tempo era uma característica que o impedia de achar sua própria identidade. Encarnar papéis para ele era mais um sintoma de uma desordem psicológica do que uma questão de talento. Atrás de tipos inesquecíveis como o Inspetor Clouseau dos filmes da Pantera Cor de Rosa, os 3 ou 4 hilariantes personagens de Dr. Strangelove, o analista de O que é que há, Gatinha e o jardineiro Chance Gardner de Muito Além do Jardim, havia uma figura que ao mesmo tempo em que tentava se encontrar, fugia de si mesma. Peter Sellers nunca chegou a saber quem era Peter Sellers, tudo que sabia sobre si mesmo era o que lhe diziam: que ele era um dos melhores na arte de fingir ser outra pessoa. Podia ter a mulher que quisesse, mas fazia escolhas erradas sucessivamente, seu crescente e indefinido ego não permitiu que ele enxergasse que havia feito a opção certa antes que o que restava de sua personalidade fosse varrida pela fama e fortuna. A tênue linha que separa a ilusão da realidade aos poucos foi deixando de existir, a ponto de não sabermos mais se aquele é o ator ou o personagem.A performance de Geoffrey Rush como o protagonista é impecável, não dá para entender como ele não foi sequer indicado ao oscar. O elenco de apoio também brilha com Emily Watson (a mãe de seus filhos), Charlize Theron (como Britt Ekland, uma de suas esposas), Stanley Tucci (discreto como Kubrick), John Lithgow (sempre competente, Blake Edwards) e o Querido Stephen Fry (como um vidente picareta), um de nossos talentos sem reconhecimento. Grande trilha sonora, mas faltou à direção aquele algo mais, depois do fim do filme tem-se a sensação que faltou resposta para uma pergunta; talvez não seja culpa do diretor Stephen Hopkins, afinal ninguém nunca soube quem era o verdadeiro Sellers.
Ele morreu cedo, aos 54 anos, e como sinto sua falta quando vejo caras como Martin Lawrence e Will Ferrell se tornarem comediantes célebres. E assim caminha o cinema, rumo ao buraco negro da mediocridade, complacência e auto-exaltação.

quarta-feira, 19 de julho de 2006

A Realidade da Mente - Parte 2 - Modelo

M.C. Escher "Path of Life III", 1966

O Modelo da Realidade da Mente (RM) é uma moldura que contém as Ciências da Mente integradas:
- Nível parapsicológico e Metafísico
- Nível Psicológico
- Nível Físico
- Nível da Física Quântica

O Modelo da Realidade da Mente é o início, o recipiente e a conexão. É o estudo da essência ou natureza de tudo que existe

As Ciências da Mente são como um guarda-chuva que incluem todos os assuntos relacionados à Mente:
- Psicologia e Neurociência se interrelacionam. O aspecto metafísico da mente é o consciente e o inconsciente. O aspecto físico da mente é o cérebro, o sistema nervoso e nossos sentidos.
M.C. Escher "Portrait of a Man",1920

- Ciência Espiritual. Há uma base espiritual por trás da Psicologia. A realidade é resultado de fatores espirituais. Tudo que se relaciona à mente, também se relaciona à realidade. Como já foi dito, a mente afeta a realidade. Já foi provado que o observador participa na criação da realidade que observa. O Princípio da Incerteza de Heisenberg afirma que não há como haver medição ou avaliação sem criação.
M.C. Escher "Drawing Hands", 1948
A Ciência da Mente integra-se à Ciência do Universo. Psicologia e Física se interrelacionam. O desenvolvimento da vanguarda da Física Moderna, como Mecânica Quântica, a nova Cosmologia e a Teoria do Caos continuam a instigar a imaginação com possíveis conexões entre Física e a Psiquê.

Philip Straub "Cohabitation", 2004

"A união da física com a psicologia me parece totalmente possível". Jung


As Ciências da mente são sete. Cada uma corresponde a um Nível de Realidade


-Nível Psicológico (Psicologia, PNL, Hipnose e Filosofia)

Este nível marca o início do estudo da mente. Começamos pensando no assunto, em seu funcionamento e o porquê desse funcionamento. Já estamos filosofando. Essa é a forma como uma nova ciência é criada, o primeiro passo sempre é uma idéia. A Filosofia lida com conceitos fundamentais e gerais sobre o pensamento, ação e realidade. Pode ser considerada como a primeira matéria do estudo da mente. Quando a Ciência concentrou-se no desenvolvimento da mente, criou-se a Psicologia.

M.C. Escher "Eight Heads",1922

Psicologia é a união de dois termos: psyche e logos. Psyche é um termo grego para alma ou espírito, às vezes traduzido um pouco de modo impreciso como "mente". Logos significa conhecimento, sabedoria, estudo. Psicologia seria então o "estudo da mente". (isso aqui tá ficando óbvio demais...) Ela é a chave da Ciência da mente porque tenta compreender como a percepção governa o comportamento. Me repetindo de novo: o que pensamos afeta todo o resto.

- Nível Físico (Neurociência)

Quando a tecnologia possibilitar que examinemos o cérebro fisicamente, vamos entender o lado físico correspondente aos outros níveis. A Neurociência proporciona a compreensão do funcionamento da mente do modo neurológico e biológico. Toda atividade da mente, como pensamentos e emoções têm um correspondente neurológico e biológico resultantes dessas atividades.

M.C. Escher "Hand with Reflecting Sphere", 1935

- Nível da Física Quântica (Metafísica)

Neste nível estudamos a construção de toda realidade física, os fenômenos físicos do menor ponto de vista possível. Do ponto de vista quântico.
Sabe-se que as coisas são compostas de matéria e energia. E como a matéria pode ser convertida em energia e o contrário, tudo é fundamentalmente energia. O Universo é feito de pura energia.
Todas as leis da física descrevem a natureza e as características da realidade física.
Uma vez que a realidade física é produto da realidade espiritual, as leis da física seguem as leis do espírito.
Dessa forma, os princípios da metafísica são espelhados e compreendidos pelos princípios da física quântica e vice-versa.

M.C. Escher "Day and Night", 1938

-Nível Parapsicológico e Metafísico

O nível mais alto da mente é o psíquico e o estudo dessa área é a parapsicologia. Este é o nível onde a mente é capaz de fazer coisas que vão além dos limites das possibilidades físicas. Lida com fenômenos que parecem contradizer as leis físicas e sugere que suas explicações estejam nos processos mentais.
M.C. Escher "Relativity", 1953

Metafísica é um ramo da filosofia que examina a natureza fundamental de todas as realidades, incluindo a relação entre mente e matéria, aparência e substância, forma e essência.
"Meta" significa "sobre", "além" e "atrás".
A Metafísica vai além do corpo físico e vai para o espiritual. Não são realidades separadas, apenas atuam em diferentes níveis da mesma realidade.
M.C. Escher "The Bridge", 1930

Para examinar a natureza da realidade física, devemos fazê-lo de um nível acima deste. Einstein disse que nunca resolveremos um problema no mesmo nível de consciência de onde foi criado.

Modelo da Realidade da Mente

M.C. Escher "Tetrahedral Planetoide", 1954

O que acontece em um determinado nível afeta todos os outros níveis. O Espírito governa o Físico. O Interior sempre define o Exterior, é um reflexo dele.
Os Quatro Níveis de Realidade formam o Modelo da Realidade da Mente. O objetivo é evitar o isolamento do estudo da mente a partir de apenas um ponto de vista para se trabalhar em todos os níveis de forma integrada, completa, holística.
M.C. Escher "Bond of Union", 1956

Os Quatro níveis (espiritual, mental, físico e quântico) são, na verdade, dois, pois mente e espírito são unos e o físico é quântico. E se todas as coisa físicas, são na realidade não-físicas, os níveis se reduzem a apenas um. Essencialmente, em sua pré-existência, toda realidade é espiritual.


M.C. Escher "Snakes", 1969

Quando alguém que ainda não foi cegado pelo paradigma vigente aparece, ele vê o que ninguém mais vê, e oferece um novo paradigma. E quando esse novo modelo resolve problemas, dilemas e responde perguntas para as quais o paradigma vigente não tem resposta, estamos criando uma Revolução Científica.


O Paradigma definitivo é o Paradigma Unificado. O novo SuperParadigma.

A integração da Ciência Mental com a Ciência Universal. A Mente e a Realidade.




quarta-feira, 12 de julho de 2006

Mustache´s Flag

The motto I picked can be found below. I´m open for suggestions
Some idea for quotations:
Auribus tenere lupum - I hold a wolf by the ears. (I am in a dangerous situation and dare not let go.) (Terence)
Amor est vitae essentia - Love is the essence of life.
Bene, cum Latine nescias, nolo manus meas in te maculare - Well, if you don't understand plain Latin, I'm not going to dirty my hands on you
Cuiusvis hominis est errare; nullius nisi insipientis in errore perseverare - Any man can make a mistake; only a fool keeps making the same one
Deus et natua non faciunt frusta - God and nature do not work together in vain
Donec eris felix, multos numerabis amicos - As long as you are fortunate, you will have many friends (when you are successful, everyone wants to be your friend)
Dulce et decorum est pro patria mori - It is sweet and glorious to die for one's country. (Horace)
Dum spiro, spero - While I breathe, I hope. (Cicero)
Dum vivimus, vivamus - While we live, let us live (Epicurean philosophy)
Est autem fides credere quod nondum vides; cuius fidei merces est videre quod credis - Faith is to believe what you do not see; the reward of this faith is to see what you believe. (St. Augustine)
Est deus in nobis - There is a god inside us
Esto perpetua - Let it be forever
Esto perpetue - May you last for ever
Faber est suae quisque fortunae - Every man is the artisan of his own fortune. (Appius Claudius Caecus)
Facito aliquid operis, ut te semper diabolus inveniat occupatum - Always do something, so that the devil always finds you occupied. (St. Jerome)
Fama nihil est celerius - Nothing is swifter than rumor
Felix qui potuit rerum cognoscere causas - Happy is he who has been able to learn the causes of things. (Vergil)
Fortes et liber - Strong and free.
Fortiter in re, suaviter in modo - Resolutely in action, gently in manner. (To do unhesitatingly what must be done but accomplishing it as inoffensively as possible)
Homo doctvs is se semper divitias habet - A learned man always has wealth within himself
Homo sum, humani nihil a me alienum puto - I am human, therefore nothing human is strange to me
Ignis aurum probat, miseria fortes viros - Life is not a bowl of cherries, or, literally, Fire tests gold; adversity tests strong men
In alio pediculum, in te ricinum non vides - You see a louse on someone else, but not a tick on yourself. (Petronius)
In medio stat virtus - Virtue stands in the middle. Virtue is in the moderate, not the extreme position. (Horace)
In virtute sunt multi ascensus - There are many degrees in excellence. (Cicero)
Interfice errorem, diligere errantem - Kill the sin, love the sinner. (St. Augustine)
Inventas vitam iuvat excoluisse per artes - Let us improve life through science and art. (Vergil)
Ire fortiter quo nemo ante iit - To boldly go where no man has gone before. (Star Trek)
Malum quidem nullum esse sine aliquo bono - There is, to be sure, no evil without something good. (Pliny the Elder)
Maxima debetur puero reverentia - We owe the greatest respect to a child
Mea mihi conscientia pluris est quam omnium sermo - My conscience means more to me than all speech. (Cicero)
Memento vivere - A reminder of life (literally remember that you have to live)
Mens regnum bona possidet - An honest heart is a kingdom in itself. (Seneca)
Multi famam, conscientiam pauci verentur - Many fear their reputation, few their conscience. (Pliny)
Nam et ipsa scientia potestas es - Knowledge is power. (Sir Francis Bacon)
Natura in minima maxima - Nature is the greatest in the smallest things
Nemo risum praebuit, qui ex se coepit - Nobody is laughed at, who laughs at himself. (Seneca)
Nihil est miserum nisi cum putes - Nothing is unfortunate if you don't consider it unfortunate. (Boethius)
Nomen est omen - The name is the sign
Non est vivere sed valere vita est - Life is not being alive but being well (life is more than just being alive)
Non mortem timemus, sed cogitationem mortis - We do not fear death, but the thought of death. (Seneca)
Nulla dies sine linea - Not a day without a line. Do something every day! (Apeles, Greek painter)
Nullum est iam dictum quod non dictum sit prius - Nothing is said that hasn't been said before. (Terence)
Nullus est instar domus - There is no place like home
Nvnc avt nvnqvam - Now or never
Later, the last quotes
Omnia mutantur, nos et mutamur in illis - All things are changing, and we are changing with them
Patria est communis omnium parens - Our native land is the common parent of us all. (Cicero)
Quidquid latine dictum sit, altum videtur - Anything said in Latin sounds profound
Respice post te, mortalem te esse memento - Look around you, remember that you are mortal. (Tertullianus)
Scientia est potentia - Knowledge is power
Scito te ipsum - Know yourself
Semper superne nitens - Always striving upwards
Si vis pacem, para bellum - If you want peace, prepare for the war. (Vegetius)
Sit vis vobiscum - May the Force be with you. (Star Wars)
Tamdiu discendum est, quamdiu vivas - We should learn as long as we may live. (We live and learn.) (Seneca Philosophus)
Transire suum pectus mundoque potiri - To overcome one's human limitations and become master of the universe
Ubi bene, ibi patria - Where you feel good, there is your home
Velle est posse - To be willing is to be able

As I said, it´s as sloppy as possible, I made it just to give an idea of uniting Mustache and the tools that can shape it and make it look good. I´ve already seen we have fellows with some skills on design programs, how about refining my idea, giving colors and more elaborated symbols? Since you´re already here why not taking a look at the other posts? They´re all in portuguese, but among them some paintings or photographs you may find nice. Thanks for visiting.

Copa medíocre e a escumalha dos comentaristas

Futebol não é muito a minha área. Quando criança adorava, é claro. Sou da geração da Copa de 82, na Espanha. Curioso o número de coincidências entre essa e a Copa da Alemanha. Brasil favorito, endeusado literalmente, os jogadores eram tidos como Deuses mesmo. A Itália não tinha nada de favorita, pelo contrário, um esquema de corrupção na liga local de futebol aparentemente afetava o moral dos jogadores. Bem, isso tudo mundo sabe, a imprensa não cansa de repetir. Nossos patéticos comentaristas esportivos provaram que exercem a profissão mais fácil (e inútil) do mundo , é só ficar lendo as estatísticas no seu laptop para dar a impressão que você sabe tudo mesmo e debater um monte de obviedades, além de reconhecer sua completa incapacidade de acertar nem que seja um palpite. Não sabia se ria ou me irritava com eles. Mesmo depois ds primeira fase da Copa, você ouviu ao menos um desses caras do SporTV ou ESPN falar que França e Itália tinham grandes chances de chegar à final? Os caras não têm um pingo de autocrítica. Metem o pau no Zagalo, Parreira, Roberto Carlos, mas falam como senão tivessem nada a ver com a corrente ufanista que tomou conta do país antes da Copa. Nunca assisti programa esportivo, abri uma exceção nessa Copa e entendi porque não assistia antes. Finalizando, depois de ouvir ontem os comentários antes do jogo Atlético X Santo André, prometi a mim mesmo ficar pelo menos mais 4 anos sem falar desses inúteis - os de dentro e os de fora do campo.

Mitologia Egípcia - Horus (Parte 6)

Estátua de Horus no Templo de Edfu (Egito)

Um falcão, ou homem com cabeça de falcão com uma coroa simbolizando todo o Egito. Isso o torna parecido com Rá, também representado como falcão; a diferença é que a coroa de Horus assemelha-se com aquele enorme chapéu do Papa, mas é dividida em duas partes: a vermelha é o Baixo Nilo e seu delta, onde deságua no Mediterrâneo; a parte branca simboliza o Alto Nilo, mais ao sul, a nascente do rio. Juntas, as partes mostram que Horus comandava todo o Egito - os Faraós se identificavam com ele, tornando-se Osiris depois de sua morte.
Relembrando o árvore genealógica: Nut (Deusa do Céu Noturno) e Geb (Deus daTerra), tiveram 5 filhos, inclusive Osiris e Seth. Osiris casou-se com Isis e são os pais de Horus. Quem leu o último post sabe que Horus, ainda bebê, ficou órfão de pai, morto pelo tio Seth. Isis passou anos escondida de Seth, pois este tornara-se Soberano matando o irmão, e para continuar assim, tinha que matar seu herdeiro também. Após ter crescido, Horus saiu do esconderijo para retomar de Seth a coroa do pai que dava o poder de governar o Egito. Iniciou-se uma longa e sangrenta luta, Seth conseguiu arrancar um olho de Horus (expressão familiar? Explico adiante) e despedaçá-lo. Contudo, Thoth, Deus da Sabedoria, conseguiu recuperar e curar o olho, que se tornou um amuleto poderosíssimo e um dos mais conhecidos símbolos do Egito Antigo. Cuidado para não confundir o Olho de Horus (esquerdo), símbolo da Lua; com o Olho de Rá (direito), símbolo do Sol.
E quanto à Guerra Seth versus Horus? Só no próximo post...

sexta-feira, 7 de julho de 2006

Portugal! Portugal!

Passado o choque e a frustração pela eliminação do Brasil na Copa, passei a torcer para Portugal. A melhor culinária do mundo é portuguesa. Bacalhau com natas, não tem nada a ver com essas bacalhoadas salgadas que comemos aqui. Lisboa é uma das cidades mais agradáveis que já conheci, alguns lugares se assemelham a bairros de classe média do Rio e São Paulo, mas há também a parte antiga, Alfama e Mouraria, ruelas íngremes e estreitas que levam ao Castelo de São Jorge, a melhor vista da cidade. Sem falar no Bairro Alto, com uma porção de bares legais, a Expo... isso tá parecendo guia turístico, quero falar de outra coisa. Antes disso, no entanto, quero deixar aqui um protesto: não achei sequer uma foto decente de Lisboa para colocar aqui. Absurdo.

Os desdobramentos gerados pela performance das seleções na Copa dizem muito sobre a natureza dos povos representados e vão muito além das quatro linhas. Um clichê ultra-desgastado é a comparação da Copa a um palco e um campo de batalha, simultaneamente, onde nossos representantes agem como atores - não no sentido de cavarem penalties e fingirem contusões e sim como dançarinos que tentam criar obras de arte em tempo real - e como soldados. Espetáculos e/ou batalhas implacáveis, que não perdoam erros, sobretudo quando a imagem que o ator/soldado tem de si mesmo não corresponde à realidade.Nesse cenário o espírito dos países participantes se revela, às vezes involuntariamente, cada seleção é um microcosmo. Apesar destas analogias envolverem perigosas generalizações que podem nos levar a estereótipos e equívocos, vou me arriscar, respaldado pelo que tenho lido e ouvido.

Minha simpatia por Portugal vem desde a Copa de 2002, quando foram injustamente desclassificados logo no início. Jogavam bonito, mais artistas que soldados, como nossas seleções de 70 e 82. A própria História do país poderia ser resumida em uma tragédia grega - aliás, a menção à Grécia é bem pertinente, como veremos adiante. De poderosa potência marítima, não soube administrar os recursos que dispunha e logo se tornou uma espécie de vassalo do Império Britânico - este, brioso e cheio de si até hoje, apesar da inegável decadência no Século XX e do fato de não saberem jogar bola mesmo, e não se darem conta disso.

Lembram do MC Hammer, o rapper cuja carreira meteórica, entre as décadas de 80 e 90, vendeu 25 milhões de discos e mesmo assim foi à falência? Acho que ninguém vai lembrar, ele cantava "Can u touch this". Vi ontem uma biografia dele na tv, impressionante a vida do cara, uma mancada atrás da outra. Se Portugal fosse um rapper, seria MC Hammer. Relegados à condição de um dos países mais pobres da Europa Ocidental (e nem dá prá culpar o tamanho, a Bélgica também é minúscula, mas riquíssima), espremidos no finalzinho do continente, cercado pelo mar e espanhóis exuberantes por todos os lados, "orgulho nacional" era uma expressão esquecida pelos portugueses até alguns anos atrás. A entrada na Comunidade Econômica Européia trouxe investimentos, modernizou o país e elevou a auto-estima do português (mas por mais que tentem parecerem sérios, continuam me matando de rir, lembrei de um portuga me contando todo orgulhoso que a Subaru ia construir uma fábrica no país, não tinha uma montadora com nome melhor?). Sediaram uma Eurocopa de forma quase impecável, o único senão foi a derrota contra os gregos na final. O que não deixa de ser um grande mérito para uma seleção que ostentava orgulhosa um terceiro lugar na longínqua Copa de 66 com o mesmo ardor que nós brasileiros exibimos as cinco estrelas no escudo.

Amanhã Portugal vai ter a chance de igualar o feito se bater a Alemanha. No entanto, o consenso é que mesmo se perder, já fez uma campanha excelente, levando-se em conta suas pretensões. O Próprio Felipão afirmou que se conseguisse colocar Portugal entre os quatro finalistas esse seria um dos três maiores feitos de sua carreira. E os lusitanos estão de acordo, visto que mesmo após a derrota contra a França, saíram às ruas promovendo buzinaços e gritando "Viva Felipão". O fato é que o português está pouco acostumado com o êxito. Nada como o ritmo local para definir um povo. Existe algo mais melancólico e nostálgico que um fado? O sucesso na Copa levou o país a refletir sobre essa espécie de castigo auto-imposto, em outras palavras, medo de ser feliz. Transcrevo o comentário de um colunista português citado por Clóvis Rossi na Folha:

"Se por ventura acabarmos campeões do mundo de futebol, como havemos de conciliar a alma de vencedores desta guerra mitológica com o velho fado de derrotados na vida concreta da nação? A seleção já fez o que tinha a fazer por nós - mesmo que não ganhe a Copa. Resta saber o que podemos fazer para merecermos a seleção."

Que dizer do Brasil? Nosso fracasso não me surpreendeu, a seleção estava lá como um microcosmo do país, uma representação natural do brasileiro que "sobe na vida": vaidoso, individualista, com pouco ou nenhum senso cívico. O brasileiro é fundamentalmente bom, solidário, honesto e trabalhador. Mas se transforma quando é alçado ao poder. Nossas elites têm uma péssima auto-imagem, a parcela da população que pode fazer a diferença, abraçar nossos valores, reforçar a identidade nacional, reconhecer os defeitos e tentar corrigi-los se assume como escória. Atua na base do salve-se quem puder, sem noção de coletividade e incapaz de aprender com os próprios erros - esperem até o resultado das eleições... O cúmulo e símbolo máximo da estupidez da seleção foi tomar o gol da França cometendo o mesmo erro que Gana incorreu e nos beneficiou: a patética linha de impedimento, retrato mais bem-acabado de nossa arrogância preguiçosa. Nossa seleção foi exatamente assim, parecia um bando de mercenários. O pobre cidadão brasileiro ficou revoltado com a falta de dignidade dos que vestiram nossa camisa, mas só agora está começando a enxergar que a indignidade permeia o Estado, não importa quem está no poder. Nos países civilizados, os espaços públicos são cuidados como sendo de todos; aqui não são de ninguém, ou melhor, são ocupados por "estados paralelos", os PCCs da vida que assume controle das áreas que o Estado ignora.

Acho que poucos jogadores realmente se importaram com nossa eliminação, vão continuar na Europa, de costas para nós, com seus estilos de vida luxuriantes. Não acho que devem ser culpados, pois apenas reproduziram o que presenciavam quando viviam aqui: majoritariamente de famílias pobres, nunca puderam exercer de fato sua cidadania - que não é só direito a voto - e nunca sentiram que fazem parte de algo maior, uma República que na prática inexiste. Diferenças gritantes: a garra de portugueses e franceses contrastando com nossa apatia. Pois para eles, o futebol é apenas mais um "território" onde podem lutar por seus países e se sentirem acolhidos e recompensados. Aqui, só somos um país quando jogamos futebol.

quarta-feira, 5 de julho de 2006

Dois Pintores

Apresento aqui dois pintores. As três primeiras são de Tae Mook Jong. À primeira vista parece até foto.

Autumn Reflection



Sunny DayAnticipation of a Night´s Shelter

O outro (a partir da pintura acima) é Vladimir Kush. Sua obra, extensa e de altíssimo nível, dificultou bastante na escolha das pinturas. Vejam se realmente selecionei as melhores checando sua galeria.

Be Together
Arrow of Time
Departure of Winged Ship
Metamorphosis
Eye of a Needle
Além de talentoso, tem senso de humor: esta pintura brinca com o famoso versículo da bíblia que diz que é mais fácil um camelo passar por um buraco de agulha que uma pessoa rica ir para o Reino dos Céus. É como se ele dissesse: dependendo do tamanho do dízimo, Deus pode arrumar uma agulha um pouco mais larguinha...
Crusaders
Eventualmente, Vlad pode ganhar um replay, dependendo da sua opinião.

terça-feira, 4 de julho de 2006

A Realidade da Mente - Parte 1

Diana Vanderberg "Tree Of Life of the Water",1974

Este post pode parecer a princípio óbvio demais, auto-ajuda demais. Com certeza ninguém vai ler, ficou muito comprido. É adaptado de um site que me causou o mesmo tipo de suspeita, mas vai bem mais longe. Os conceitos iniciais podem ser considerados um amontoado de lugares-comuns, mas são necessários para a visualização do que o site quer transmitir.

A Realidade da Mente (Mind Reality) lida com a criação consciente da realidade e o uso do inconsciente para servi-lo.
Diana Vanderberg "Ecstatic Orgasm of Death", 1979

Auto-conhecimento é re-criação em todos os níveis. Todos os erros derivam da ignorância
. Consciência (awareness) é poder, quanto mais você a domina, mais poder terá em todas as outras áreas da vida. Percepção é a chave para a resolução de todos os problemas. Compreender o problema dissolve o problema.

René Magritte "The Treason of Pictures", 1929


Conscientização é poder porque possibilita escolha
. Para assumir o controle, é preciso saber. Saber como as coisas funcionam e compreender o que está acontecendo. Você precisa da conscientização para fazer escolhas conscientes.
Conscientização é o primeiro passo, o segundo passo é a mudança. Você deve saber o que quer mudar e as razões por trás disso. Sabedoria gera conscientização, portanto sabedoria é poder. Toda a vida é uma experiência de aprendizado para você se tornar tudo que puder ser.

"Até que você torne o inconsciente consciente, ele vai guiar sua vida e você vai chamá-lo de destino" Carl Jung

A Auto-atualização - que também pode ser chamada de reinvenção - está no topo da hierarquia das necessidades, na verdade é o único ato realmente importante. Osho diz que é impossível conhecer de fato uma pessoa, pessoas são processos infinitos. Sem a Auto-atualização viveríamos em vão e nossas existências não teriam significado algum.

"Perspective II: Manet´s Balcony" 1950 René Magritte

O conhecimento requerido para sermos bem-sucedidos em qualquer área da vida deriva do mundo da ciência mental. Este post trata da realidade da mente. Como a realidade influi a mente e como a mente cria a realidade.

Diana Vanderberg "Cosmic Tree Of Life",1976

A Realidade da Mente é a compreensão da consciência unida ao Universo. O site visa integrar as "ciências da mente": psicologia, neurociência, programação neurolinguística (PNL), hipnose, metafísica, parapsicologia e filosofia.

A natureza definitiva da realidade vem de nossas mentes. O Universo é feito de uma energia viva, cônscia e inteligente que é A Mente. O Universo é feito a partir dela e é regido por ela. Portanto, A Mente tem controle sobre tudo.
Nós verdadeiramente criamos e influenciamos a realidade com o poder de nossas mentes. (continua)