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sábado, 16 de janeiro de 2010

Contatos Imediatos com o Marketing

Fui no cinema. Avatar em 3-D estava esgotado, então escolhi Contatos do 4to. Grau. Começa com um depoimento da atriz principal dizendo que os eventos a seguir são verídicos e que alguns trechos são vídeos autênticos gravados pela psicóloga Abby Tyler; sessões de hipnose em que seus pacientes relatam episódios de abdução alienígena. Criaturas com o semblante de corujas supostamente aterrorizam as madrugadas de dezenas de moradores de uma pequena cidade chamada Nome, no Alasca. Com a ajuda de um especialista, a Dra. Abby descobre que nas gravações os entes do além se comunicam em sumério, a língua mais antiga conhecida.

Bom demais para ser verdade. Como todo bom escapista, sou aficcionado por ocultismo, especialmente por histórias de OVNIs. Na internet não acho registro algum da psicóloga, descubro que os vídeos “reais” são encenações e que a distribuidora Columbia doou dinheiro para a cidade a fim de criar notícias e obituários fictícios. Uma espécie de versão ufológica de A Bruxa de Blair, puro marketing.

No meio de tantas mentiras, alguns fatos curiosos. A cidade onde o filme se passa tem um histórico impressionante de desaparecimentos e parece ser alvo da atenção do FBI, mas daí para concluirmos que há uma onda de abduções no local é um passo longo demais. Por outro lado, há quem diga que a ausência de informações sobre a Dra. Abby na internet é parte de uma operação de acobertamento por parte de agências governamentais obscuras. Concluindo: a única abdução comprovada é a da verdade. E jamais vamos saber o que houve em Nome.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Herói


A Família Soprano, além de ter sido uma das mais premiadas séries da história da tv, também notabilizou-se por retratar com muita humanidade a classe dos mafiosos. Personagens complexos, contraditórios, com sentimentos de culpa e fraqueza, apesar do cotidiano violento. Tony Soprano, o chefão de quem esperamos ter total desprezo pela vida humana, nervos de aço, brutalidade e pouco remorso, na verdade é um sujeito atormentado sob cuidados psiquiátricos. Tony sente que é um espécimen em extinção, dividido entre os papéis de pai, marido e gângster. Os códigos de conduta de sua organização mafiosa estão ficando obsoletos, não há mais respeito. Cada vez mais descrente, ele constata, atônito, que o arcabouço de valores da sociedade"normal", das pessoas que ganham a vida honestamente, também sofreu a mesma degeneração. Com um ar de desalento ele pergunta à sua psiquiatra o que aconteceu com aqueles caras tipo Gary Cooper, fortes, silenciosos, os heróis de uma época quando ainda havia ingenuidade e glamour suficientes para acreditarmos em heróis.

O crítico Antônio Cândido relata em uma entrevista que as gerações que o sucederam (ele é contemporâneo dos Modernistas de 22) carecem cada vez mais de grandes homens. Já houve épocas em que milhões morriam por um ideal. Os princípios eram maiores que as pessoas, românticos lutavam por utopias, a crença de que seus atos poderiam mudar não só você mesmo, mas exercer efeitos em grande escala. Você podia ser comunista, hippie, fascista, mas fazia parte de um grupo com o qual partilhava idéias, padrões de comportamento, sonhos, paixões.


Isso me remete a um dos primeiros posts que escrevi, citações em inglês de diálogos do filme Waking Life:

Temo que estejamos perdendo as verdadeiras virtudes de viver apaixonadamente, no sentido de ser responsável por quem você é, a habilidade de fazer algo de si mesmo e se sentir bem sobre a vida.


O que aconteceu com os modelos de comportamento? Examinadas pelas lentes papparazzi do pós-modernismo, não há personalidade que resista a um exame mais cuidadoso. Somos todos fracos demais, demasiado vítimas de nós mesmos. Reduzidos ao status de consumidores do mundo livre.

Assisti 3 filmes relativamente novos e cada um à sua maneira se relaciona com esse desencanto. Em Frost/Nixon temos um apresentador de tv pioneiro no fato de ser famoso apesar de não ter nenhum talento especial. Hoje há inúmeras pessoas que se tornaram celebridades porque aparecem na mídia, e uma boa aparência basta. O filme mostra um embate entre esse homem vazio e vaidoso e um ex-presidente cínico e imoral, mas incapaz de esconder a vergonha que sente por ter sido desmascarado. Prenúncio de tempos mais escandalosos, na época os políticos ainda se envergonhavam e o anônimo rosto bonito da tv ainda tinha ambições intelectuais concretas.

Michael Douglas deixa a barba crescer em O Rei da California. Convoca a filha para ajudá-lo a encontrar nos dias de hoje um tesouro enterrado há 400 anos numa terra apinhada de cadeias de lanchonete e shopping centers. Ele é louco, é claro. Mas o grande barato do filme é que a filha resolve acreditar em sua história, e nessa busca escapam para uma realidade onde podem transgredir sua sina decadente e encontrarem uma conexão através do sonho. Desse modo, são heróis. Perto do amor mútuo que resgatam, qualquer tesouro vale pouco.

No entanto, o que realmente me fascinou foi Conduta de Risco. Porque é uma pequena obra prima sobre transformação pessoal, virtude, amor à vida. Esqueça que é com George Clooney e preste atenção em seu personagem, o advogado Michael Clayton, um verdadeiro herói contemporâneo que tem conflitos, muitos defeitos, mas que apesar disso tem o a nobreza de contrariar o sistema e agir de acordo com sua consciência na decisão mais importante de sua carreira. Parece lugar-comum? A sinceridade que consegue imprimir dá a seu personagem dimensões humanas raras nos heróis de cinema. Sobretudo nos atuais. Ele me relembra outro trecho de Waking Life:

A
mensagem aqui é que nunca devemos nos eximir de culpa ou se ver como vítima de várias forças. Quem somos é sempre uma decisão nossa.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Manuscrito encontrado sob um colchão de Hospital Psiquiátrico - Três

Terceiro capítulo, comece no Um. Ou não.

A linha de raciocínio mais uma vez é interrompida. Stan, o dj, entra no quarto pedindo biscoito e relata uma fuga dos internos. O homem fica inquieto, quer saber quem fugiu, pois teme que o amigo Celinho esteja entre eles. Toma café com leite, fuma um carlton, vai até a "times square" (o corredor anexo à enfermaria, ganhou esse nome porque ali o tempo nunca parecia passar). Do seu lado aparece um interno visivelmente noiado. O homem volta pro quarto e liga a tv: comédia romântica com Ben Stiller. Porcaria. O personagem de nome Sr. Pfeffer, numa dessas raríssimas falas memoráveis nos filmes atuais, diz que a vida não é sobre o que foi ou deixou de ser feito, se você já foi grande ou tem planos mirabolantes; o que importa é a própria jornada, pelo amor de Deus! E que se algo bacana te acontecer no caminho, por favor esteja presente e desfrute o momento. Enquanto isso, não leve as coisas tão a sério, procure se divertir. Ele diz isso tudo pro cara que é um ator fracassado. Qual o nome dele mesmo? Ah, sim, Philip Seymour Hoffman, mostram os créditos. Grande ator.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Ucrânia em Moçambique

Estava de bobeira navegando no IMDB, a pescoçar os fóruns sobre filmes brasileiros pra saber a opinião dos nerds d´além mar a respeito de nossa produção cinematográfica. Queria saber se conhecem algo que não seja Cidade de Deus. Um tal dyatsyuk, por exemplo, viu Meu nome não é Johnny e, apesar de ter gostado, disse que esperava algo mais "espetacular", no estilo Tropa de Elite. Diz ainda que o "governo brasileiro tem um papel muito importante no renascimento" do nosso cinema. Esse comentário me intrigou, pois pelo que sei, fora a Lei Rouanet, criada há pelo menos 10 anos, ultimamente o governo pouco tem feito pelo nosso cinema. E, particularmente, não discordo dessa postura. Só de lembrar dos tempos da Embrafilme, nos anos 70/80, quando o Estado bancava as produções brazucas, tenho calafrios. Com raras exceções, os filmes dessa época eram tenebrosos e foram responsáveis por incutir no público da época um verdadeiro asco pelo cinema brasileiro.

Mas eu falava do intrigante comentário de dyatsyuk. No rodapé da mensagem tinha um link para um blog de nome curioso: ucrania-mozambique. Isso esclarecia parte do mistério. A Ucrânia é uma ex-República Soviética e Moçambique tem um passado de revoluções socialistas. Nosso amigo com certeza viveu em lugares de forte intervenção estatal, então naturalmente presumiu que as coisas fossem semelhantes por aqui. Mesmo assim resolvi dar uma olhada no blog.

"Ucrânia em África" foi criado "em defesa dos direitos humanos & relacionamentos históricos Ucrânia-Mozambique". Achei muito legal, bem redigido, com posts interessantes e, ao contrário desse espaço aqui, tem foco, objetivo definido, uma verdadeira raison d´être. Muita coisa que foge da mídia massificada, histórias que nunca chegariam até nós se não fosse por ele.

Por exemplo: você sabia que em 14 de dezembro de 2008 foi inaugurada na Matriz de São Basílio Magno, aqui mesmo no Paraná, uma exposição sobre a Grande Fome que assolou a Ucrânia em 1932/3? Conhecida como Holodomor, a tragédia foi causada pelo tirânico regime soviético - provavelmente Stálin já estava no poder - e ceifou praticamente 10 milhões de vidas. As autoridades simplesmente confiscavam toda a comida dos camponeses, mas o post não chega a explicar os motivos para tamanha crueldade. Houve relatos de canibalismo. Eu nunca tinha ouvido falar nesse genocídio, o Politburo era um exímio acobertador de más notícias, mas hoje o governo ucraniano luta pelo reconhecimento desse triste capítulo da história do país.

E tem muito mais. Coisas de bom gosto, como a exibição de capas da revista New Yorker; e uma notícia que achei a mais bacana, pelo inusitado e pelo tom humano, chamando atenção para uma minoria que sempre sofreu com perseguições e preconceito. O título: "Ucrânia publica o primeiro abecedário cigano da Europa".

http://ucrania-mozambique.blogspot.com/

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Fragmentos Fabulosos de Filmes - Parte 1

Todo filme legal tem uma parte, uma seqûencia especialmente antológica. Comecemos pelas comédias:

- O sonho do Dude (Jeff Bridges) em O Grande Lebowski, mesclando boliche com pornografia. Ao fundo o blues My Condition
- Jim Carrey e Matthew Broderick duelando no Medieval Times em O Pentelho; Carrey improvisa a trilha sonora inspirada em filmes épicos.
- Michael Palin faz um gago tentando inutilmente proferir uma única frase a John Cleese em Um Peixe chamado Wanda. Aliás, esse flme tem uma penca de cenas memoráveis.
- Em Como Enlouquecer seu Chefe, homens de gravata destroem uma máquina de xerox em câmera lenta ao som de rap.
- O diálogo final de Quanto mais Quente Melhor: Jack Lemmon tira a peruca e diz pro velhote que estava enganando que não podem se casar, pois ele é homem. O velho nem trisca e responde: "sem problema, ninguém é perfeito".
- Mr. Garrison canta sua canção natalina na politicamente incorreta versão cinematográfica de South Park.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

Movie Quotes - Parte 1


Quando eu era moleque colecionava tampinhas de garrafa. Larguei as tampinhas e adotei os selos. Abandonei os selos e involuntariamente passei a colecionar mancadas, foras, frases inoportunas, tipo: "Você tá grávida! Parabéns! Pelo jeito vai nascer por agora!". "Não, eu só engordei mesmo..." Me tornei perito em criar situações constrangedoras. Mas não era disso que eu queria falar. De uns tempos prá cá passei a colecionar frases de filmes. Não de qualquer filme. Coisas como "Waking Life", um filme único, a começar por ser inclassificável. Parece um documentário. E os diálogos, ah os diálogos... Vamos a eles:
  • There's only one instant, and it's right now. And it's eternity.
  • The trick is to combine your waking rational abilities with the infinite possibilities of your dreams. Because, if you can do that, you can do anything.
  • We have got to realize that we're being conditioned on a mass scale. Start challenging this corporate slave state.
  • The idea is to remain in a state of constant departure while always arriving.
Isso é só uma amostra ínfima da genialidade do texto. O filme não é difícil de ser achado, tem uma cópia em VHS na Dumont da Afonso Pena. Escrevi esse post pensando especificamente em duas pessoas, acho que são as únicas que lêem este blog. Então este último recado é para elas (mas serve para todos): NÃO DEIXEM DE VER ESTE FILME.



sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

Rumble Fish


Um dos mais belos filmes dos últimos 30 anos. Acho que não é para qualquer público, é triste. A fotografia em preto-e-branco - maravilhosa na minha opinião - também ajuda a explicar a impopularidade do filme. O personagem de Mickey Rourke não vê as cores, exceto nos peixes-de-briga (ou betas), daí o título. Filmado em 83, tem também no elenco Matt Dillon, Diane Lane, Dennis Hopper, Nicholas Cage, Lawrence Fishburne, Tom Waits etc. E foi dirigido por Francis Ford Coppola, que está produzindo para o cinema a adaptação do livro "On the Road" (no Brasil, "Pé na Estrada") de Jack Kerouac, a bíblia dos beatnicks.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

Piratas dos Raios Catódicos

O cinema comercial esconde algumas pérolas num oceano de clichês e idéias conformistas. Mais uma vez bebo na fonte do Brian de Palma em Snake Eyes para extrair uma delas. Vejam esta fala do personagem de Nicholas Cage: "Há 200 anos os piratas de Atlantic City colocavam falsos faróis na entrada da baía para enganarem os navios, fazendo-os naufragarem e assim poderem saqueá-los. Hoje as luzes estão apenas mais brilhantes".
Atlantic City é a Las Vegas da costa leste dos E.U.A. Não é preciso uma imaginação fértil para estendermos uma analogia além do covil de bucaneiros que virou uma aglomeração de cassinos. Luzes mais brilhantes... a mídia massificada, sobretudo a TV, os flashes das câmeras fotográficas. Raios catódicos que tentam padronizar nossa atitude, subornam opiniões, pilham idéias. A lógica do capitalismo selvagem possibilitou que os donos do poder não se preocupassem tanto em disfarçar suas intenções nefastas de esvaziarem nossos bolsos e espíritos. Apropriaram-se de artifícios antes restritos a uma das mais emblemáticas estirpes da marginalidade em toda a História: os piratas. Publicitários constróem faróis falsos da modernidade e nós, pobres marujos de primeira viagem, naufragamos no anúncio do carro, da cerveja, da roupa, do perfume, do cigarro, da geladeira, do celular. As luzes são tão fortes que me cegam.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Welcome!

"Sweetness, sweetness I was only joking when I said
I´d like to smash every tooth in your head."
Acho que me lembro da primeira vez que ouvi essa música dos Smiths. Eu devia ter uns 12 anos. Naquela época era fácil sonhar. Eu praticamente voava ouvindo esses caras. E graças ao massacre que sofri da indústria cultural norte-americana desde a mais tenra idade, meus sonhos eram produtos roliudianos. E consistiam basicamente de trailers, inícios ou finais de filme. A questão era - e ainda é - o que colocar entre o início e o fim. Os anos foram se passando, cada um mais rápido que o outro, e o pateta aqui vendo cada vez mais filmes, mal se dando conta que um longa metragem bem mais interessante estava permanentemente em cartaz e ele o ignorava: sua própria vida. Uma das coisas que eu mais abomino em se tratando de filmes comerciais é quando resolvem mostrar a "evolução" do protagonista em ritmo de videoclipe. O cara é um idiota, cafona, fraco e covarde e quatro minutos depois já é outra pessoa. Demorei muito até entender que a vida não é filme, parafraseando Herbert Viana.

SKA


A vida não é filme
Você não entendeu
Ninguém foi ao seu quarto
quando escureceu
Saber o que passava
No seu coração
Se o que você fazia
era certo ou não

E a mocinha se perdeu
olhando o sol se pôr
que final romântico
morrer de amor
relembrando da janela
tudo o que viveu
fingindo não ver
os erros que cometeu.

E assim tanto faz
se o herói não parecer
E daí?
Nada mais...

A vida não é filme
Você não entendeu
de todos os seus sonhos
não restou nenhum
ninguém foi ao seu quarto
quanto escureceu
e só você não viu,
Não era filme algum...