segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Ucrânia em Moçambique

Estava de bobeira navegando no IMDB, a pescoçar os fóruns sobre filmes brasileiros pra saber a opinião dos nerds d´além mar a respeito de nossa produção cinematográfica. Queria saber se conhecem algo que não seja Cidade de Deus. Um tal dyatsyuk, por exemplo, viu Meu nome não é Johnny e, apesar de ter gostado, disse que esperava algo mais "espetacular", no estilo Tropa de Elite. Diz ainda que o "governo brasileiro tem um papel muito importante no renascimento" do nosso cinema. Esse comentário me intrigou, pois pelo que sei, fora a Lei Rouanet, criada há pelo menos 10 anos, ultimamente o governo pouco tem feito pelo nosso cinema. E, particularmente, não discordo dessa postura. Só de lembrar dos tempos da Embrafilme, nos anos 70/80, quando o Estado bancava as produções brazucas, tenho calafrios. Com raras exceções, os filmes dessa época eram tenebrosos e foram responsáveis por incutir no público da época um verdadeiro asco pelo cinema brasileiro.

Mas eu falava do intrigante comentário de dyatsyuk. No rodapé da mensagem tinha um link para um blog de nome curioso: ucrania-mozambique. Isso esclarecia parte do mistério. A Ucrânia é uma ex-República Soviética e Moçambique tem um passado de revoluções socialistas. Nosso amigo com certeza viveu em lugares de forte intervenção estatal, então naturalmente presumiu que as coisas fossem semelhantes por aqui. Mesmo assim resolvi dar uma olhada no blog.

"Ucrânia em África" foi criado "em defesa dos direitos humanos & relacionamentos históricos Ucrânia-Mozambique". Achei muito legal, bem redigido, com posts interessantes e, ao contrário desse espaço aqui, tem foco, objetivo definido, uma verdadeira raison d´être. Muita coisa que foge da mídia massificada, histórias que nunca chegariam até nós se não fosse por ele.

Por exemplo: você sabia que em 14 de dezembro de 2008 foi inaugurada na Matriz de São Basílio Magno, aqui mesmo no Paraná, uma exposição sobre a Grande Fome que assolou a Ucrânia em 1932/3? Conhecida como Holodomor, a tragédia foi causada pelo tirânico regime soviético - provavelmente Stálin já estava no poder - e ceifou praticamente 10 milhões de vidas. As autoridades simplesmente confiscavam toda a comida dos camponeses, mas o post não chega a explicar os motivos para tamanha crueldade. Houve relatos de canibalismo. Eu nunca tinha ouvido falar nesse genocídio, o Politburo era um exímio acobertador de más notícias, mas hoje o governo ucraniano luta pelo reconhecimento desse triste capítulo da história do país.

E tem muito mais. Coisas de bom gosto, como a exibição de capas da revista New Yorker; e uma notícia que achei a mais bacana, pelo inusitado e pelo tom humano, chamando atenção para uma minoria que sempre sofreu com perseguições e preconceito. O título: "Ucrânia publica o primeiro abecedário cigano da Europa".

http://ucrania-mozambique.blogspot.com/

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Fragmentos Fabulosos de Filmes - Parte 1

Todo filme legal tem uma parte, uma seqûencia especialmente antológica. Comecemos pelas comédias:

- O sonho do Dude (Jeff Bridges) em O Grande Lebowski, mesclando boliche com pornografia. Ao fundo o blues My Condition
- Jim Carrey e Matthew Broderick duelando no Medieval Times em O Pentelho; Carrey improvisa a trilha sonora inspirada em filmes épicos.
- Michael Palin faz um gago tentando inutilmente proferir uma única frase a John Cleese em Um Peixe chamado Wanda. Aliás, esse flme tem uma penca de cenas memoráveis.
- Em Como Enlouquecer seu Chefe, homens de gravata destroem uma máquina de xerox em câmera lenta ao som de rap.
- O diálogo final de Quanto mais Quente Melhor: Jack Lemmon tira a peruca e diz pro velhote que estava enganando que não podem se casar, pois ele é homem. O velho nem trisca e responde: "sem problema, ninguém é perfeito".
- Mr. Garrison canta sua canção natalina na politicamente incorreta versão cinematográfica de South Park.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Jim Jones vira hype e os Evangélicos fazem cara feia

Extraordinário. Formidável. Supimpa. Num blog quase esquecido pelo próprio autor, um obscuro post escrito há mais de dois anos ganha comentários de mais de uma dúzia de internautas, um recorde. Muita gente não gostou do texto. A esses arautos de seitas evangélicas tenho o seguinte a dizer:

Em momento algum comparei a seita de Jim Jones a qualquer tipo de crença. Acho que se ofenderam com o trecho: "assim como muita sensata hoje em dia embarca na barafunda dos televangelistas, na época muitos o levaram a sério". Vivemos tempos contraditórios, com inversão de valores e tudo que isso acarreta. Como é tudo muito confuso, abraçar um pacote de dogmas pré-estabelecidos e não questioná-los parece ser a solução mais fácil, ou mesmo mais sensata. Mas sempre há um preço (além do dízimo, he, he), cada escolha é uma renúncia, e no caso seria a adoção de uma mentalidade bitolada, intolerante, que carece de empatia. Que mal há em aceitar o Deus na concepção Kardecista, por exemplo? Se alguns se identificaram com seguidores fanáticos que gradualmente foram abrindo mão de suas escolhas até não terem nenhuma, não seria hora de fazerem um exame de consciência? Obviamente ninguém seguiria Jim Jones se soubesse que no fim seria obrigado a se matar. Mas, cá entre nós, a sua igreja às vezes não induz a certos procedimentos que uma vozinha lá no fundo da sua mente diz: "será que isso está certo mesmo?"

Por outro lado, sei que Jesus foi das pessoas mais iluminadas que passaram por aqui. O problema foi a forma como usurparam e usurpam sua palavra.
Além do mais, o post pouco tem a ver com religião. Não queria discutir as opções pessoais de ninguém, mas o tom raivoso dos comentários me fez questionar essas pessoas.

Ser chamado de "repórter" afagou meu ego; na verdade sequer concluí meu curso de comunicação na PUC e trabalho como professor de línguas estrangeiras.
Houve também quem duvidasse da veracidade das informações. Quanto a isso não posso garantir nada. Minha fonte principal foi um livro chamado "Conspirações", escrito por Edson Aran. Um tipo de míni-enciclopédia muito bem humorada com verbetes como: "Nazistas pilotavam ufos", "Elba Ramalho e os ovnis" e "Paul McCartney morreu em 1966". Portanto, apesar do relato sobre o Caso Jim Jones basear-se em fontes confiáveis, não levem a história tão a sério.

Mas lembrem-se de uma coisa: o fato de algo sair na Veja, na Folha, no Jornal Nacional, no Fantástico ou na CNN não o torna uma verdade absoluta. Desconfie de tudo. Inclusive deste blog, parafraseando o Aran.