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O reverendo Jim Jones nasceu em 31 em Lynn, Indiana. Filho de um líder da Ku Klux Klan com uma índia, sempre foi um sujeito atípico por natureza. Oscilava entre pólos idelógicos como bola de ping pong: marxista e anti-comunista, agente da CIA e da KGB; ao mesmo tempo profundamente devotado à religião, inclusive fundando sua própria seita aos 32 anos, o Templo do Povo. Foi aí que começou a ter visões da iminência do fim do mundo e a ouvir vozes dizendo que ele era a reencarnação de Jesus Cristo e Lênin. Juntos. Só rindo...
No entanto, assim como muita gente sensata hoje em dia embarca na barafunda dos televangelistas, na época muitos o levaram a sério. Depois de passear pelo Rio de Janeiro e Belo Horizonte, entre outras cidades da América do Sul, escolheu a Guiana para sediar seu culto. O nome da comunidade deixava claro o quanto era humilde: Jonestown.
O que aconteceu lá... bem, como já disse a história é nebulosa, um prato cheio para os conspirólogos extravasarem seus delírios. Um ex-seguidor, Phil Kern, escreveu um livro dizendo que Jones nunca havia deixado a KGB e queria transformar a comunidade num posto avançado soviético, embora o reverendo combatesse o comunismo ateu entre os fiéis. Em 78 a cidade de Jones já estava, literalmente, bombando, com mais de 1.000 habitantes e rumores sobre trabalho escravo em um regime totalitário fortemente controlado por capangas com fuzis. Como a maioria dos seguidores era de norte-americanos, os E.U.A. enviaram o deputado democrata Leo Ryan e mais uns repórteres à Guiana para investigar os boatos. Na visita a Jonestown, o representante da embaixada americana Richard Dwyer juntou-se a eles. Ryan e os repórteres nunca contaram o que viram.
Isso porque no momento em que iam embarcar no avião de volta aos E.U.A. todos foram barbaramente assassinados, supostamente por seguidores de Jones. Reza a lenda que os executores pareciam "zumbis remotamente controlados".
Aqui aproveito para abrir um parêntesis. TCs se assemelham a galhos de uma imensa árvore: estão todos interligados. No caso, é nesse ponto que o caso Jim Jones conecta-se ao desavergonhado programa da CIA de controle mental, o infame MK Ultra. O objetivo do projeto era criar assassinos-autômatos, sem vontade própria nem remorso. Para isso as cobaias (nunca se soube ao certo como eram escolhidas, provavelmente criminosos, mendigos e imigrantes ilegais) eram forçadas a ingerir uma infinidade de drogas além de serem submetidas a eletrochoques, lobotomias e hipnose. O "pupilo modelo" seria como o personagem do filme "Sob o Domínio do Mal": uma pessoa comum, até receber um comando através de um telefonema, por exemplo, que despertaria o assassino frio que foi criado em seu "treinamento". Diz-se, inclusive, que vários assassinatos atribuídos a malucos solitários, são na verdade complôs muito bem engendrados pela CIA. Lembra do John Lennon? Kennedy? Bom, o que se sabe de fato é que o programa existiu mesmo, conforme a própria CIA reconheceu em 1970 numa investigação do Senado americano, quando além disso comprometeu-se a não mais realizar experimentos desse naipe, ao menos em solo americano. Nessa hora os caras da CIA devem ter dito: "então vamos prá América do Sul, que é perto e lá as vidas humanas valem muito menos"...
E então nossa história volta à Guiana. Enquanto o deputado e os repórteres eram chacinados no campo de pouso, no acampamento Jim Jones anunciava a chegada do Apocalipse e conclamava os fiéis a tomarem Tang envenenado com cianeto. Eles não tinham muita escolha: você podia até recusar educadamente, mas aí vinha um capanga e enfiava uma bala na sua cabeça.
Oficialmente foram 913 mortos, inclusive o reverendo. Mas podem ter sido muito mais, pois os corpos das vítimas foram embarcados para os E.U.A. e imediatamente cremados, sob protesto dos familiares. Os mistérios não páram aí: as mesmas drogas usadas no MK Ultra foram encontradas em grandes quantidades em Jonestown. E mais: inexplicavelmente, o diplomata Dwyer estava presente nos assassinatos no campo de pouso, mas escapou ileso. Depois descobriram que ele era da CIA (de novo!).
Por fim, a cereja no topo dessa banana-split das Teorias Conspiratórias: Jim Jones tinha várias tatuagens. Mas o cadáver dele encontrado na comunidade não tinha nenhuma.