Este texto é de 2/6/2004. Estava num antigo blog meu. Fiquei surpreso como ele está perfeitamente adequado aos últimos acontecimentos internacionais que vemos na mídia. Leiam e julguem por si próprios.
Acabei de ter uma idéia. Gosto de pensar nas similaridades entre o apogeu e queda dos Impérios Romano e Norte-Americano. Na Antiguidade, tinha-se a opulência das orgias; comida, sexo e diversão ocupavam a elite romana enquanto o Império iniciava sua decadência, sufocado por sua própria ambição desmedida. O hedonismo romano se repete na sociedade americana: um povo obeso, viciado em fast food e pornografia, que se julga superior aos outros. Assim como vemos hoje na desastrosa política externa ianque, os responsáveis pela derrocada romana não foram exércitos ricos e organizados, mas caóticas tribos "bárbaras" forçadas a invadirem terras romanas para não morrerem de fome em seus territórios. Ou alguém acha que a resistência iraquiana não seja primordialmente um ato de sobrevivência? E aquele cara fez "O declínio do Império Americano" e agora "Invasões Bárbaras". Será que, assim como naquela música dos Propellerheads, (acho que o nome é esse) a História não estaria se repetindo? 11 de setembro seria o marco do fim da hegemonia americana. A primeira das muitas "invasões bárbaras" contra o "mundo civilizado". Até onde elas vão chegar? Não vi o filme, mas falam que o filho rico suborna todo mundo num lamentável hospital público para o pai socialista ter um tratamento digno. O poder corruptor do dinheiro, assim como a constatação da falência do socialismo como uma possibilidade seriam outras hordas bárbaras contemporâneas. Mas o que eu pensei foi: pelo que aprendi na escola, depois dos bárbaros vem o Medievalismo. É isso. Vivemos, ao menos no Brasil, uma estúpida Era Medieval. Talvez nunca sequer tenhamos saído dela. No lugar dos garbosos cavaleiros com seus pagens e elmo, temos o culto ao automóvel, que como foi bem observado num diálogo do filme "Amarelo Manga", no Brasil vale mais que o caráter. A elite se encastela em condomínios fechados e abandona grandes aglomerações urbanas. Mal se nota a presença ou mesmo a existência do Estado, exceto na defesa das elites e na repressão sistemática aos menos favorecidos. O vazio espiritual que hoje todos sentem e alguns tentam preenchê-lo abraçando religiões caça-níqueis e tornando-se pessoas quase lobotomizadas, também estava presente no Medievalismo, tanto que organizaram uma porrada de cruzadas para conquistarem a "Terra Santa" que só resultou num ódio ancestral cultivado até hoje. Não há justiça, então faça a sua, pensava o medieval knight ou um brasileiro qualquer, antes de furar uma fila, ou matar alguém numa briga de trânsito, ou entrar na política para roubar dinheiro público, ou treinar seu cão pit-bull para estraçalhar pessoas. Bem-Vindo à Idade Média.
Acabei de ter uma idéia. Gosto de pensar nas similaridades entre o apogeu e queda dos Impérios Romano e Norte-Americano. Na Antiguidade, tinha-se a opulência das orgias; comida, sexo e diversão ocupavam a elite romana enquanto o Império iniciava sua decadência, sufocado por sua própria ambição desmedida. O hedonismo romano se repete na sociedade americana: um povo obeso, viciado em fast food e pornografia, que se julga superior aos outros. Assim como vemos hoje na desastrosa política externa ianque, os responsáveis pela derrocada romana não foram exércitos ricos e organizados, mas caóticas tribos "bárbaras" forçadas a invadirem terras romanas para não morrerem de fome em seus territórios. Ou alguém acha que a resistência iraquiana não seja primordialmente um ato de sobrevivência? E aquele cara fez "O declínio do Império Americano" e agora "Invasões Bárbaras". Será que, assim como naquela música dos Propellerheads, (acho que o nome é esse) a História não estaria se repetindo? 11 de setembro seria o marco do fim da hegemonia americana. A primeira das muitas "invasões bárbaras" contra o "mundo civilizado". Até onde elas vão chegar? Não vi o filme, mas falam que o filho rico suborna todo mundo num lamentável hospital público para o pai socialista ter um tratamento digno. O poder corruptor do dinheiro, assim como a constatação da falência do socialismo como uma possibilidade seriam outras hordas bárbaras contemporâneas. Mas o que eu pensei foi: pelo que aprendi na escola, depois dos bárbaros vem o Medievalismo. É isso. Vivemos, ao menos no Brasil, uma estúpida Era Medieval. Talvez nunca sequer tenhamos saído dela. No lugar dos garbosos cavaleiros com seus pagens e elmo, temos o culto ao automóvel, que como foi bem observado num diálogo do filme "Amarelo Manga", no Brasil vale mais que o caráter. A elite se encastela em condomínios fechados e abandona grandes aglomerações urbanas. Mal se nota a presença ou mesmo a existência do Estado, exceto na defesa das elites e na repressão sistemática aos menos favorecidos. O vazio espiritual que hoje todos sentem e alguns tentam preenchê-lo abraçando religiões caça-níqueis e tornando-se pessoas quase lobotomizadas, também estava presente no Medievalismo, tanto que organizaram uma porrada de cruzadas para conquistarem a "Terra Santa" que só resultou num ódio ancestral cultivado até hoje. Não há justiça, então faça a sua, pensava o medieval knight ou um brasileiro qualquer, antes de furar uma fila, ou matar alguém numa briga de trânsito, ou entrar na política para roubar dinheiro público, ou treinar seu cão pit-bull para estraçalhar pessoas. Bem-Vindo à Idade Média.
2 comentários:
genial! ótimo texto, brilhante comparação entre o antigo e o atual. já tinha percebido a semelhança entre os condomínios fechados e os feudos... loucura
Bela colheita... Triste constatação...
Postar um comentário