quinta-feira, 24 de maio de 2007

Horse with no name

Certas coisas que gostamos muito deveriam ficar sempre sob uma aura de mistério. Uma vez que as conhecemos mais profundamente, além do clima misterioso desaparecer, podemos descobrir algo desabonador que as tire do pedestal onde as colocamos. (Atenção, leitora, estou me referindo a coisas, nada a ver com pessoas).

Sempre gostei daquele grupo America. Não entendia porque nunca estava nas listas de favoritos de músicos famosos ou da crítica. Ok, o som é totalmente podicrê, summer of love, hippies e miçangas. Mas me transmite tanta paz e tranquilidade que não importa o fato de ser uma banda de quase 40 anos atrás bastante desprezada. Essa música em particular me transportava para jornadas lisérgicas de auto-conhecimento, Castañeda, o idealismo de uma geração que se perdeu. The ocean is a desert with its life underground... que verso lindo! Tão lindo que resolvi fazer um post sobre Horse with....

Aí que a porca torce o rabo. Pesquisando na web, descobri que a princípio a música foi banida de algumas rádios - o "horse" seria uma referência à heroína - o que só a tornou mais popular. Apesar do estrondoso sucesso, muita gente acusou o vocalista e letrista Dewey Bunnell de ter praticamente copiado a canção Heart of Gold, do Neil Young. De fato, são bem semelhantes. E como se não bastasse tudo isso, a letra é considerada banal e primária. Um comediante disse que ela foi escrita por um adolescente que tomou um lsd falso e acha que está muito doido. Outro cara gozou do título: "você está no deserto, completamente à toa, nada pra fazer; podia ao menos dar um nome pro maldito cavalo!"

Warrior and a horse with no name (Rance Hood)


On the first part of the journey
I was looking at all the life
There were plants and birds and rocks and things
There was sand and hills and rings
The first thing I met was a fly with a buzz
And the sky with no clouds
The heat was hot and the ground was dry
But the air was full of sound

I've been through the desert on a horse with no name
It felt good to be out of the rain
In the desert you can remember your name
'Cause there ain't no one for to give you no pain
La, la ...

After two days in the desert sun
My skin began to turn red
After three days in the desert fun
I was looking at a river bed
And the story it told of a river that flowed
Made me sad to think it was dead

You see I've been through the desert on a horse with no name
It felt good to be out of the rain
In the desert you can remember your name
'Cause there ain't no one for to give you no pain
La, la ...

After nine days I let the horse run free
'Cause the desert had turned to sea
There were plants and birds and rocks and things
there was sand and hills and rings
The ocean is a desert with it's life underground
And a perfect disguise above
Under the cities lies a heart made of ground
But the humans will give no love

You see I've been through the desert on a horse with no name
It felt good to be out of the rain
In the desert you can remember your name
'Cause there ain't no one for to give you no pain
La, la ...


Pouco importa o que dizem: todo mundo tem uma playlist de canções que marcaram suas vidas. Essa vai sempre falar de um período de vivências intensas, pleno de novas experiências e sentimentos transbordantes que eu não compreendia. Tempo de dar um nome a meu cavalo, algo que até hoje não consegui fazer.

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Lôro.

:) Fiquei agora de bom humor. Você me mata de rir, sabe?

"Ok, o som é totalmente podicrê, summer of love, hippies e miçangas". --> Esta foi a frase mais hilária dos últimos tempos.
Som totalmente podicrê foi ótimo... imagino você falando isso.
Só faltou um "sacô?" no final da frase.


No sentido de conhecer mais profundamente AS COISAS e se decepcionar, penso igualzinho a você. Mistério é um ingrediente delicioso.
Mas, quando alguma coisa me agrada MUITO, gosto de ir até o fim. Superfície não combina.
Tive gratas surpresas. Por exemplo, quanto a autores. Miller é um deles.
Castañeda, outro que adoro, não conheço profundamente(mesmo porque, ninguém conhece). Ele não se deixava conhecer, mas li quase todos os livros e continuo apaixonada. E... paixão também é uma questão de contexto. Isso vale para livros, filmes e claro, músicas.

Também tenho a minha playlist. America não entra nela. Mas lembra de I´m leaving on a jetplane, da J.Joplin?
Está no topo. Se um dia você escutar, sou eu por perto...

Morrendo de sono nesta tarde gelada (brrrrr), mas com saudade.

Anônimo disse...

P.S. Meu cavalo tem o nome.