terça-feira, 24 de abril de 2007

Rodapé: A Saga


Obs inicial: Antes de prosseguir a leitura coloque no cd player o disco Nursery Crime, do Genesis. Comece ouvindo The Musical Box e depois passe para The Return of the Giant Hogweed. Falando sério, se tiver essa obra-prima do rock progressivo, dos bons tempos em que o Peter Gabriel ainda estava no grupo e o Phil Collins ainda ficava caladinho na bateria, aceite minhas congratulações. Você deve ser meio nerd mas definitivamente tem bom gosto musical.

Essa é uma tentativa de escrever um conto de fadas. O uso de palavras fora de seu contexto original pode levar os mais imaginativos a enxergar conotações inexistentes. A Lid, por exemplo, desenterrou a Lúcia Machado de Almeida e seus livrinhos da série Vaga-Lume, artefatos pré-históricos de 12.000 anos atrás.

"Conta-se que Timbalo de Alcaçuz, filho de Fosfato e Esbórnia, discípulo do venerável mestre Xistocaleno, era um rapaz afortunado, apesar de pobre. O motivo de ser invejado pelos outros rapazes da vila de Rotunda era o fato de ser objeto do desejo de Bazófia Melindrado, oriunda da família mais próspera do ducado de Ósculo. Os jovens da aldeia, em sua maioria paupérrimos, viam na absoluta falta de atributos da moça o preço justo a ser pago por uma vida plena de luxo e ócio, na hipótese de se casarem com ela. Bazófia não era apenas pouco atraente, mas também frívola e medíocre. Tinha três paixões: alhures ao molho de belaco1, costurar casacos de gosto duvidoso com pêlo de carmichael2 e por fim, aproveitar o fato de pertencer a uma família abastada e influente para humilhar e exercer sua autoridade sobre os aldeões.
Em suma, Bazófia era uma garota muito infeliz que odiava a si mesma e ao mundo com intensidade. Estimava apenas uma pessoa, e esse era Timbalo. Queria-o a seu lado o tempo todo, mas Timbalo não era como os outros rapazes da aldeia e não ligava para seu status social ou bens materiais. Lírico e sonhador, era um aplicado aluno de alquimia do velho Xisto e quando não estava estudando podia ser encontrado nos bosques de fanfarras3 tocando seu burocrata4.
Quando viu que suas tentativas de seduzi-lo não surtiam efeito, Bazófia empregou uma estratégia mais agressiva: pediu ao pai, o mercador Moucos Melindrado, que oferecesse um dote fabuloso à família Alcaçuz em troca de um contrato de casamento com Timbalo. Uma soma tão indecente que tornaria impossível uma recusa da modesta família do noivo em potencial. Acontece que a jovem era tão insuportável que o próprio pai ansiava ver-se livre dela, então ele acatou seu apelo e imediatamente despachou dois emissários com um baú repleto de Rufiões5 e jóias cravejadas de hermafroditas e colostomias6 . Quando viu todo aquele tesouro, Fosfato, pai de Timbalo, ficou balançado. Seria mais que suficiente para pagar os impostos que devia ao Grão-Duque de Atabak e ainda sobraria dinheiro para expandir sua pequena oficina de lexotans7. Mas Fosfato não era um homem de ação. Tinha uma personalidade fraca e era facilmente dominado por sua esposa Esbórnia. Então, antes de assinar o contrato nupcial assegurando a união de Timbalo e Bazófia, Fosfato foi consultar a esposa. Esta, uma mulher geniosa que nutria grande antipatia por Moucos devido a um incidente mal explicado no passado, foi totalmente contra o casamento. Timbalo foi tão veemente quanto ela. Ele estava apaixonado por Quimera de Tafetá, bela jovem de origem Kafunga. E então? Como os Melindrados reagiriam ante a surpreendente esnobada dos Alcaçuz? (Continua)

1prato à base de pequenos pássaros regados a um espesso caldo esverdeado
2grande mamífero, bastante agressivo, encontrado apenas nas distantes planícies de Oboé
3 árvore de grande porte semelhante ao carvalho
4complexo instrumento musical que mistura sopro, cordas e percussão para, em geral, não emitir som algum.
5moeda corrente
6pedras preciosas: a primeira é transparente com um toque azulado, a outra é de um tom roxo-escuro
7espécie de machado de guerra que faz o adversário desmaiar se atingido na nuca

3 comentários:

Anônimo disse...

Treinando pra ser Douglas Adams, hum?
Compro seu livro.
;)
Mas quero autografado e com dedicatória exclusiva.
:P

Beijinho na bochecha.

Anônimo disse...

Ah! Vai...
Nem é isso.
Conotações inexistentes normalmente têm fundamento para pessoas conectadas aos mais recôndicos pensares do universo expandido. (Heinnnn????)
Além do mais, como é que eu vou saber o que se passa no seu cérebro positrônico, hum?

Rola mp3 das músicas que citou?
Sem Phil Collins, claro. Pelamor, né?

Beso, lôro.

Anônimo disse...

Arg.
Recôndicos = recôndiDos.
E haja dislexia...