quarta-feira, 23 de agosto de 2006

Flagrantes de outro espaço/tempo

15 de outubro de 1917: Mata Hari, célebre dançarina e espiã holandesa é fuzilada em Vincennes, França. Contra ela pesavam acusações de dupla espionagem durante a Primeira Guerra Mundial, que ela nunca chegou a confessar. Ela teria se juntado ao Serviço Secreto Francês, mas ao mesmo tempo estaria contribuindo com os alemães. Morre a pessoa, nasce o mito, o espião mais famoso da História é uma mulher. Sorry, Bond, mas nunca teremos um agente como ela.

Mata Hari tinha um lado Leila Diniz: desencanada e libertária


Já se perguntou da origem da regra de etiqueta que estabelece que homens devem tirar o chapéu ao entrar em um recinto ou cumprimentar alguém? Ninguém mais usa chapéu, mas achei a coisa digna de ser blogada assim mesmo. O costume vem da Idade Média, quando ainda havia cavaleiros medievais com suas armaduras. O elmo cobria totalmente seu rosto, impossibilitando a identificação de quem o estava usando, então para que a pessoa pudesse reconhecê-lo ele tirava o elmo ao entrar em sua casa ou quando a cumprimentava.
Ser cavaleiro não era para qualquer um. Ter ascendência nobre era um pré-requisito quase obrigatório, além disso o equipamento completo, incluindo dois cavalos (um para desfiles e outro para batalhas), a cota de malha, elmo, escudo, espada e lança custava em torno de 30 bois, o que equivale hoje a... não sei quanto custa um boi, mas acho que isso deve dar o preço de um carro de luxo.

Ao contrário do que se acredita, nem sempre o ouro era tido como metal precioso. A aristocracia asteca, por exemplo, prezava mais plumas de aves. Por outro lado, túmulos encontrados na cidade mesopotâmica de Ur, atual Iraque, datados de 2.500 A.C. incluíam grandes quantidades desse metal e lápis-lazúli. O que torna esse recente descoberta notável é o fato de que reservas auríferas só existirem a centenas de quilômetros dali. Esses túmulos tinham também uma misteriosa peculiaridade: os corpos não apresentavam sinais de violência e cada um trazia na mão uma taça de argila, pedra ou metal, evidências que indicam um rito macabro de suicídio coletivo. Tais cerimônias eram supostamente raras em todas culturas antigas. O que levou essas pessoas, algumas com túmulos riquíssimos, a se matarem de forma ritualizada?

Detalhe de ornamentos laterais de uma urna encontrada em Ur, datando de 2700 A.C., acervo do Museu Britânico; retratam momentos de paz (branco) e guerra (amarelo)


Quem vê os fundamentalistas islâmicos de hoje vai se surpreender com a história do Grande Mogul Akbar, um muçulmano sunita que foi coroado com apenas 13 anos, após a morte do pai em combates em 1555 D.C. Pouco depois já liderava a reconquista de Delhi e de uma região no noroeste da Índia. Esse precoce Senhor da Guerra fascinou emissários franciscanos portugueses vindos de Goa por sua mentalidade aberta e tolerância religiosa. Na verdade, os discípulos de Alá sempre foram tradicionalmente tolerantes, o fundamentalismo radical que vemos hoje nasceu como uma reação às barbáries cometidas pelos cristãos nas Cruzadas - há registros até de canibalismo! Akbar promovia debates telógicos com representantes de diferentes religiões: hinduístas, zoroastrianos, cristãos, parses etc. Buscava uma verdade suprema, adotando costumes de diferentes crenças e selecionando pontos em comum para criar sua própria seita. Em 1578, quando tinha 34 anos teve a experiência de um êxtase, proclamando que tudo no Universo não era senão o reflexo de Deus. E não parou aí: mandou construir a "Casa de Adoração", templo ecumênico que convidava adeptos de diferentes religiões abandonarem suas rixas e rezarem juntos.

Às vezes parece que a Humanidade caminha para trás...












Akbar, grande figura







Corte de Akbar


Novembro de 1952: Einstein escreve carta recusando convite de Ben Gurion para tornar-se presidente de Israel, "o primeiro eleito do povo eleito". Hoje me pergunto se ele tivesse aceito a proposta as coisas não seriam diferentes, e o quanto teria ficado horrorizado com as atrocidades cometidas por Israel ultimamente no Líbano.

E, depois desse passeio pela História, voltamos aos dias de hoje. Precisamente, vamos avançar um dia no futuro, para quinta dia 24, e deslocarmos para Praga, cidade européia que vai sediar a Assembléia Geral da União Astronômica Internacional (UAI). Uma decisão histórica está prestes a ser tomada: especialistas do mundo inteiro vão chegar a um consenso se o Sistema Solar tem 9 ou 12 planetas.
O Sistema Solar, já incluindo o décimo planeta

Astronomia é um campo que não ouso aventurar, mas guiado pelo excelente cronista da Folha Marcelo Leite sinto-me mais seguro. De acordo com ele, o responsável pela pendenga espacial é Plutão, o nono planeta e último a ser descoberto, em 1930. Nanico, tem metade do tamanho da Lua, e passou a ter sua condição de planeta questionada em 2003 quando descobriram "Xena" - um nome particularmente infeliz, me lembra aquela série de última categoria da versão lésbica do Conan, o bárbaro. Querem rebaixar Plutão para o status de asteróide, caso contrário outros três objetos celestes vão se juntar a ele como planetas do Sistema Solar, incluindo Xena e Caronte, até agora considerado satélite de Plutão. Logo ele, que tem uma história tão interessante... Por exemplo, após sua descoberta há mais de 70 anos, debateu-se durante meses que nome deveria ganhar. Alguns julgaram que devia homenagear quem o descobriu, o astrônomo Percival Lowell, mas aquilo ia contra a tradição de batizar os planetas com o nome de divindades antigas. Muitos deuses depois, uma garotinha de 11 anos, Venetia Burney, neta de um astrônomo que nomeou as luas de Marte, pesquisou uns livros de mitologia e sugeriu "Plutão". A idéia não podia ser melhor, pois homenageava seu descobridor nas suas duas primeiras letras e também se adequava a um gélido e remoto planetinha: Plutão é o Deus romano da escuridão e das profundezas e irmão de Júpiter e Netuno.
Mais detalhes no site de Coelho.Instantâneo do nascimento de Plutão, uma trombada espacial

Fontes: Revista História Viva e jornal Folha de S. Paulo

2 comentários:

Sun disse...

sobre a Mata Hari, só uma mulher usando seus artifícios + inteligência para enganar tanta gente! Queria ser um mosquitinho para ver a cara dos trouxas...rs

Orquidea Beladona disse...

Olha, só com este post vc já ganha o meu mais profundo respeito, rs. Adoro informaçao express, picadinha, curiosa...
Agora, preciso acabar com essa super hiper mega impressao que vc construiu sobre mim, hehehe. Pensando aquí no seu equipo de ediçao cai em conta numa coisa que fiz questao de esquecer tempo atrás: pelo tempo que levo afastada do "mundinho" fiquei na era obsoleta e nao tenho a mais minima ideia do que rola agora pra ediçao... Foda, né? Pois,.... É o que há :)

De qualquer modo se lembrar de algo, te digo.
Voltarei, adorei isto aqui.

Beijao!