Acredite naqueles que buscam a verdade. Duvide dos que já a encontraram. André Gide
segunda-feira, 28 de agosto de 2006
O Senhor da Guerra
Escrevi sobre um benevolente (mais ou menos, era um guerreiro) líder muçulmano de 400 anos atrás no último post . Ele era o Senhor da Guerra de então. Qual seria seu correspondente nos dias de hoje? Não, ditadores de republiquetas africanas aparentemente o são, mas falta muito até para se declararem Senhores da Guerra. Estes na verdade, os Senhores da Guerra, são os grandes comerciantes de armas. São eles que fornecem as armas que matam inocentes nos países pobres. Sabia que em Serra Leoa a disponibilidade de armas era tão grande que perderam o valor de revenda? Custavam algus níqueis, uma criança podia adquiri-la, mas na maior parte dos casos apenas as ganhavam.
Ok, não precisamos ir prá África para constatar o estado lastimável de deterioração de valores (desculpe, estou ficando repetitivo com o papo "valores", não quero que mulheres voltem a usar espartilhos e cinta-liga, apesar de achar isso incredibly sexy); miséria e fome grassam, enquanto os grupos que na ONU se apresentam com os salvadores desses povos os roubam e matam.
É claro que Oliú contaminou o filme, mas acho que graças a pessoas como Andrew Niccol (roteirista de O Show de Truman e Mundo de Andy) impediu que o ele fosse totalmente contaminado pelo "Happy Ending/ Justice Prevailed" finais. Esse filme ao menos tenta ser verdadeiro, escorrega em alguns momentos, mas precisamos de filmes como esse. E ainda deixa implícito que o personagem de Cage nada mais é que que um testa-de-ferro de Bush e similares. O mundo às vezes é um lugar bem repulsivo, os governos não passam de organizações mafiosas com um toque de hipocrisia.
Multidões de imigrantes do Terceiro Mundo invadem a Europa, sem um tostão, em busca de uma vida melhor para a família que deixou em algum lugar esquecido por Deus, ou talvez movidos por aquele sentimento de pay back time, alguns se involvem com o crime. Daí vêm as perigosas generalizações que resultam em conclusões como "imigrantes são a fonte de nossos problemas". Em parte, os europeus estão certos. Que fazer com com muçulmanos radicais que tratam as mulheres como uma sub-raça, não têm educação, não toleram outras religiões e nem sequer aprendem a língua do país onde estão?
Céus onde esse post foi parar? Quero ajudar a resolver um problema que é o calcanhar de Aquiles das melhores mentes do mundo.
O tragicômico é que sustento (e nessa teoria estou bem acompanhado) que tudo está interligado. Um cara morto, não importa onde nem como, nem sequer se te conheceu, morreu junto com uma parte de você. Isso não é vigarice New Age, é científico.
Um dia vou falar mais do apecto metafísico do assunto, mas já adianto: mesmo algo simples, inanimado como a água é afetada por nosso humor; uma palavra negativa como "mentira" faz a água vibrar de forma diferente se a palavra fosse "obrigado".
Loucura? Não julgue o que não conhece. Apenas admitam que o projeto científico, racionalista, que faz chacota com idéias como a exposta acima, tem prometido nos últimos séculos um mundo de saúde, prosperidade, cura dos distúrbios psíquicos e muito mais, entregou até hoje pouco do que ofereceu. É hora de desistirmos da verdade absoluta e procurarmos em outros lugares.
Só mais uma coisa: uma das últimas falas de Cage no filme diz algo assim: durante a gravidez, o feto desenvolve uma pequena cauda, que logo se retrai como parte da coluna. Um lembrete de nossas raízes ancestrais, de que, pelo menos por alguns meses nos aproximamos - menos que desejaríamos, de nossas raízes irracionais. Mas será que essa cauda, figurativamente falando, realmente desaparece?
quarta-feira, 23 de agosto de 2006
Flagrantes de outro espaço/tempo
15 de outubro de 1917: Mata Hari, célebre dançarina e espiã holandesa é fuzilada em Vincennes, França. Contra ela pesavam acusações de dupla espionagem durante a Primeira Guerra Mundial, que ela nunca chegou a confessar. Ela teria se juntado ao Serviço Secreto Francês, mas ao mesmo tempo estaria contribuindo com os alemães. Morre a pessoa, nasce o mito, o espião mais famoso da História é uma mulher. Sorry, Bond, mas nunca teremos um agente como ela.Já se perguntou da origem da regra de etiqueta que estabelece que homens devem tirar o chapéu ao entrar em um recinto ou cumprimentar alguém? Ninguém mais usa chapéu, mas achei a coisa digna de ser blogada assim mesmo. O costume vem da Idade Média, quando ainda havia cavaleiros medievais com suas armaduras. O elmo cobria totalmente seu rosto, impossibilitando a identificação de quem o estava usando, então para que a pessoa pudesse reconhecê-lo ele tirava o elmo ao entrar em sua casa ou quando a cumprimentava.
Ser cavaleiro não era para qualquer um. Ter ascendência nobre era um pré-requisito quase obrigatório, além disso o equipamento completo, incluindo dois cavalos (um para desfiles e outro para batalhas), a cota de malha, elmo, escudo, espada e lança custava em torno de 30 bois, o que equivale hoje a... não sei quanto custa um boi, mas acho que isso deve dar o preço de um carro de luxo.
Ao contrário do que se acredita, nem sempre o ouro era tido como metal precioso. A aristocracia asteca, por exemplo, prezava mais plumas de aves. Por outro lado, túmulos encontrados na cidade mesopotâmica de Ur, atual Iraque, datados de 2.500 A.C. incluíam grandes quantidades desse metal e lápis-lazúli. O que torna esse recente descoberta notável é o fato de que reservas auríferas só existirem a centenas de quilômetros dali. Esses túmulos tinham também uma misteriosa peculiaridade: os corpos não apresentavam sinais de violência e cada um trazia na mão uma taça de argila, pedra ou metal, evidências que indicam um rito macabro de suicídio coletivo. Tais cerimônias eram supostamente raras em todas culturas antigas. O que levou essas pessoas, algumas com túmulos riquíssimos, a se matarem de forma ritualizada?
Akbar, grande figura
Corte de Akbar
Novembro de 1952: Einstein escreve carta recusando convite de Ben Gurion para tornar-se presidente de Israel, "o primeiro eleito do povo eleito". Hoje me pergunto se ele tivesse aceito a proposta as coisas não seriam diferentes, e o quanto teria ficado horrorizado com as atrocidades cometidas por Israel ultimamente no Líbano.
E, depois desse passeio pela História, voltamos aos dias de hoje. Precisamente, vamos avançar um dia no futuro, para quinta dia 24, e deslocarmos para Praga, cidade européia que vai sediar a Assembléia Geral da União Astronômica Internacional (UAI). Uma decisão histórica está prestes a ser tomada: especialistas do mundo inteiro vão chegar a um consenso se o Sistema Solar tem 9 ou 12 planetas.
Astronomia é um campo que não ouso aventurar, mas guiado pelo excelente cronista da Folha Marcelo Leite sinto-me mais seguro. De acordo com ele, o responsável pela pendenga espacial é Plutão, o nono planeta e último a ser descoberto, em 1930. Nanico, tem metade do tamanho da Lua, e passou a ter sua condição de planeta questionada em 2003 quando descobriram "Xena" - um nome particularmente infeliz, me lembra aquela série de última categoria da versão lésbica do Conan, o bárbaro. Querem rebaixar Plutão para o status de asteróide, caso contrário outros três objetos celestes vão se juntar a ele como planetas do Sistema Solar, incluindo Xena e Caronte, até agora considerado satélite de Plutão. Logo ele, que tem uma história tão interessante... Por exemplo, após sua descoberta há mais de 70 anos, debateu-se durante meses que nome deveria ganhar. Alguns julgaram que devia homenagear quem o descobriu, o astrônomo Percival Lowell, mas aquilo ia contra a tradição de batizar os planetas com o nome de divindades antigas. Muitos deuses depois, uma garotinha de 11 anos, Venetia Burney, neta de um astrônomo que nomeou as luas de Marte, pesquisou uns livros de mitologia e sugeriu "Plutão". A idéia não podia ser melhor, pois homenageava seu descobridor nas suas duas primeiras letras e também se adequava a um gélido e remoto planetinha: Plutão é o Deus romano da escuridão e das profundezas e irmão de Júpiter e Netuno.
Fontes: Revista História Viva e jornal Folha de S. Paulo
Ser cavaleiro não era para qualquer um. Ter ascendência nobre era um pré-requisito quase obrigatório, além disso o equipamento completo, incluindo dois cavalos (um para desfiles e outro para batalhas), a cota de malha, elmo, escudo, espada e lança custava em torno de 30 bois, o que equivale hoje a... não sei quanto custa um boi, mas acho que isso deve dar o preço de um carro de luxo.
Ao contrário do que se acredita, nem sempre o ouro era tido como metal precioso. A aristocracia asteca, por exemplo, prezava mais plumas de aves. Por outro lado, túmulos encontrados na cidade mesopotâmica de Ur, atual Iraque, datados de 2.500 A.C. incluíam grandes quantidades desse metal e lápis-lazúli. O que torna esse recente descoberta notável é o fato de que reservas auríferas só existirem a centenas de quilômetros dali. Esses túmulos tinham também uma misteriosa peculiaridade: os corpos não apresentavam sinais de violência e cada um trazia na mão uma taça de argila, pedra ou metal, evidências que indicam um rito macabro de suicídio coletivo. Tais cerimônias eram supostamente raras em todas culturas antigas. O que levou essas pessoas, algumas com túmulos riquíssimos, a se matarem de forma ritualizada?
Detalhe de ornamentos laterais de uma urna encontrada em Ur, datando de 2700 A.C., acervo do Museu Britânico; retratam momentos de paz (branco) e guerra (amarelo)
Quem vê os fundamentalistas islâmicos de hoje vai se surpreender com a história do Grande Mogul Akbar, um muçulmano sunita que foi coroado com apenas 13 anos, após a morte do pai em combates em 1555 D.C. Pouco depois já liderava a reconquista de Delhi e de uma região no noroeste da Índia. Esse precoce Senhor da Guerra fascinou emissários franciscanos portugueses vindos de Goa por sua mentalidade aberta e tolerância religiosa. Na verdade, os discípulos de Alá sempre foram tradicionalmente tolerantes, o fundamentalismo radical que vemos hoje nasceu como uma reação às barbáries cometidas pelos cristãos nas Cruzadas - há registros até de canibalismo! Akbar promovia debates telógicos com representantes de diferentes religiões: hinduístas, zoroastrianos, cristãos, parses etc. Buscava uma verdade suprema, adotando costumes de diferentes crenças e selecionando pontos em comum para criar sua própria seita. Em 1578, quando tinha 34 anos teve a experiência de um êxtase, proclamando que tudo no Universo não era senão o reflexo de Deus. E não parou aí: mandou construir a "Casa de Adoração", templo ecumênico que convidava adeptos de diferentes religiões abandonarem suas rixas e rezarem juntos.
Às vezes parece que a Humanidade caminha para trás...
Quem vê os fundamentalistas islâmicos de hoje vai se surpreender com a história do Grande Mogul Akbar, um muçulmano sunita que foi coroado com apenas 13 anos, após a morte do pai em combates em 1555 D.C. Pouco depois já liderava a reconquista de Delhi e de uma região no noroeste da Índia. Esse precoce Senhor da Guerra fascinou emissários franciscanos portugueses vindos de Goa por sua mentalidade aberta e tolerância religiosa. Na verdade, os discípulos de Alá sempre foram tradicionalmente tolerantes, o fundamentalismo radical que vemos hoje nasceu como uma reação às barbáries cometidas pelos cristãos nas Cruzadas - há registros até de canibalismo! Akbar promovia debates telógicos com representantes de diferentes religiões: hinduístas, zoroastrianos, cristãos, parses etc. Buscava uma verdade suprema, adotando costumes de diferentes crenças e selecionando pontos em comum para criar sua própria seita. Em 1578, quando tinha 34 anos teve a experiência de um êxtase, proclamando que tudo no Universo não era senão o reflexo de Deus. E não parou aí: mandou construir a "Casa de Adoração", templo ecumênico que convidava adeptos de diferentes religiões abandonarem suas rixas e rezarem juntos.
Às vezes parece que a Humanidade caminha para trás...
Akbar, grande figura
Corte de Akbar
Novembro de 1952: Einstein escreve carta recusando convite de Ben Gurion para tornar-se presidente de Israel, "o primeiro eleito do povo eleito". Hoje me pergunto se ele tivesse aceito a proposta as coisas não seriam diferentes, e o quanto teria ficado horrorizado com as atrocidades cometidas por Israel ultimamente no Líbano.
E, depois desse passeio pela História, voltamos aos dias de hoje. Precisamente, vamos avançar um dia no futuro, para quinta dia 24, e deslocarmos para Praga, cidade européia que vai sediar a Assembléia Geral da União Astronômica Internacional (UAI). Uma decisão histórica está prestes a ser tomada: especialistas do mundo inteiro vão chegar a um consenso se o Sistema Solar tem 9 ou 12 planetas.
Astronomia é um campo que não ouso aventurar, mas guiado pelo excelente cronista da Folha Marcelo Leite sinto-me mais seguro. De acordo com ele, o responsável pela pendenga espacial é Plutão, o nono planeta e último a ser descoberto, em 1930. Nanico, tem metade do tamanho da Lua, e passou a ter sua condição de planeta questionada em 2003 quando descobriram "Xena" - um nome particularmente infeliz, me lembra aquela série de última categoria da versão lésbica do Conan, o bárbaro. Querem rebaixar Plutão para o status de asteróide, caso contrário outros três objetos celestes vão se juntar a ele como planetas do Sistema Solar, incluindo Xena e Caronte, até agora considerado satélite de Plutão. Logo ele, que tem uma história tão interessante... Por exemplo, após sua descoberta há mais de 70 anos, debateu-se durante meses que nome deveria ganhar. Alguns julgaram que devia homenagear quem o descobriu, o astrônomo Percival Lowell, mas aquilo ia contra a tradição de batizar os planetas com o nome de divindades antigas. Muitos deuses depois, uma garotinha de 11 anos, Venetia Burney, neta de um astrônomo que nomeou as luas de Marte, pesquisou uns livros de mitologia e sugeriu "Plutão". A idéia não podia ser melhor, pois homenageava seu descobridor nas suas duas primeiras letras e também se adequava a um gélido e remoto planetinha: Plutão é o Deus romano da escuridão e das profundezas e irmão de Júpiter e Netuno.
Fontes: Revista História Viva e jornal Folha de S. Paulo
domingo, 20 de agosto de 2006
sexta-feira, 18 de agosto de 2006
A Realidade da Mente - Parte 4 - PNL
Programação Neurolinguística, estudo sobre como a mente é influenciada pela linguagem e como organizá-la para funcionar de uma determinada maneira. Uma área controversa, onde pululam charlatões com seus livros de auto-ajuda, que no fim das contas não deixa de ser o objetivo final dessa série de posts. Isso me faz ficar meio com um pé atrás quando traduzo as informações que obtenho no site.
A PNL trata sua mente como um aparelho de tv, onde você pode regular o brilho, o áudio, a intensidade das sensações que marcam as imagens que passam por nossas cabeças. Parece reducionista, mas muita gente séria e instruída bota a maior fé. Como foi dito em posts anteriores, corpo e mente se afetam mutuamente. Alterando seus estados mentais você altera sua fisiologia e vice-versa.
A memória e a imaginação nos transportam para outros tempos e lugares, com elas podemos reviver experiências passadas ou projetar eventos futuros. Acho que poucas pessoas têm consciência do poder que reside nessas habilidades. Temos a capacidade de mudar como percebemos e sentimos determinadas situações. Cada um de nós enxerga o mundo de uma forma diferente. O mundo é o território, a maneira como o percebemos é o mapa. Apesar de vivermos no mesmo mundo, meu mapa não é igual ao seu.
Somos governados por duas forças invisíveis, Estado e Modelo de visão do mundo. O Estado comanda nossas ações e comportamento no momento, o Modelo determina nossas escolhas a longo prazo e como armazenamos nossas experiências.
A PNL sustenta que podemos estar alinhados ou não com nosso "Eu Superior". Estando alinhado, você experimenta todos os Estados desejáveis como alegria, confiança, paz, liberdade, poder, satisfação etc. Sentimentos como raiva, tristeza, melancolia, insegurança, preocupação, medo, ansiedade, fraqueza, frustração resultam do desalinhamento com o Eu Superior. Mais do que isso, ela possibilita que você não fique refém desses sentimentos e passe a governá-los, em vez de eles te governarem. Acho que podemos estabelecer um paralelo entre o alinhamento com a pulsão de vida e desalinhamento com pulsão de morte, conceitos junguianos. Parece maravilhoso, mas na prática quem dera se fosse simples assim...
Os entusiastas da PNL argumentam que ao contrário de alguns modelos psicológicos, ela parte do pressuposto que as pessoas "funcionam" perfeitamente, têm dentro de si todos os recursos que precisam, e que se há problemas, eles não estão nelas, mas na forma como foram "programadas". Me remete ao exercício de Jane Elliott (clique no fim da página no mês de abril e procure o post "Jane Elliott também tem um sonho"). A PNL possibilita que você interfira em seus Estados, referenciais, memórias, modulando-os de acordo com sua vontade. Não importa o conteúdo da experiência e sim sua estrutura. Se reconhecermos a estrutura, podemos recriar a mágica. Uma experiência desagradável pode ser encarada como determinante em sua vida ou como parte de um processo de transformação. A escolha é sua.
Espírito é Consciência. Sua consciência define sua realidade, que por sua vez influencia o modo como você se sente.
A Auto-Imagem é o nível fundamental que determina todo o resto.
O Inconsciente trabalha duro para manter e proteger sua Auto-Imagem. Um molde que vai determinar seu comportamento. Portanto, se você se enxerga como alguém feliz e bem-sucedido, inconscientemente você será guiado e compelido para agir de forma a obter felicidade e sucesso. Confesso que eu mesmo tenho dificuldade com isso, esses caras bem-sucedidos, atléticos, com muitos amigos, bons empregos e sempre de bem com a vida me irritam profundamente.
Se você não acha que merece amor, sucesso ou abundância, você não vai correr os riscos para alcançar essas metas. E mesmo se uma oportunidade surgir na sua frente, você se sabota, porque uma mudança positiva não vai combinar com uma auto-imagem empobrecida.
Portanto, é fundamental que suas crenças sobre si mesmo venham à tona.
P.S. Nossa, esse post ficou auto-ajuda demais da conta. Vou pôr umas imagens bem loucas para dar uma balanceada.
quarta-feira, 16 de agosto de 2006
TC Parte 7 - Eris, Deusa do Caos
Só o amor constrói, mas se quiser a salvação, se eu fosse você não contava com Jesus. Acredita nessa história de Céu, Purgatório e Inferno? Se realmente existem, acho que os filmes americanos já os descreveram mais ou menos acuradamente. O Inferno é algo entre aquilo que vimos em Constantine e South Park - the Movie. O Céu já é mais difícil de definir, se ele existe acho que a maior parte de nós não passa muito tempo nele, acaba voltando à Terra encarnado em outro corpo. Como foi mostrado em O Céu Pode Esperar (a versão anos 70, com o Warren Beatty, nunca assista a refilmagem de uns anos atrás). Somente criaturas muito bem acabadas, como Hendrix, Jung, Timothy Leary e Buda devem ter conseguido estadia permanente lá em cima (imagina esses caras trocando umas idéias...). Já o Purgatório, como ele é uma espécie de empate, conceito que os americanos não assimilaram até hoje, não ganhou uma representação cinematográfica digna. Contudo, numa entrevista à Revista Bizz (a última, acho, fala sobre drogas na capa e vem com encarte sensacional sobre rock brasileiro nos 70´s, altamente recomendável), o subestimado Marcelo Nova dá a definição mais precisa do purgatório: um lugar onde você é obrigado a assistir a programação do SBT 24 horas por dia. Genial.
De toda forma, se existe um Deus na concepção das grandes religiões monoteístas, ele está se lixando prá nós. Ou nos punindo. Essa idéia de um Deus austero, punitivo, nunca entrou na minha cabeça. Jesus não descreveu seu Pai assim. Além do mais, acho a coisa mais arrogante do mundo considerar que temos a mesma aparência que Ele (leiam o post sobre a Religião do Flying Spaghetti Monster, escrevi há um ou dois meses). Em suma: as grandes religiões não são mais que ferramentas de dominação, serviram de pretexto para guerras horríveis e inúmeros atos de injustiça, portanto devem ser superadas, esquecidas. Isso sim, seria um grande salto para a Humanidade.
Por outro lado, a abolição do Judaísmo, Cristianismo e Islamismo não ia resolver o problema, não é mesmo? Os ex-seguidores dessas religiões não iam se tornar ateus ou agnósticos e darem-se por satisfeitos. O fato é que todos temos um vazio interior que precisa ser preenchido, do contrário ficamos desorientados (já notaram como as palavras guardam, histórias, segredos? Orientar-se, ter o oriente como referência e paradoxalmente o Oriente permanece um mistério para nós, ocidentais), passamos a procurar Deus nos lugares mais absurdos, como no fundo de garrafas de bebida, no interior de carros importados ou nas partes íntimas de parceiros sexuais. Mas é tudo tão caótico e incoerente, não temos mais heróis nem modelos, as utopias estão mortas, as pessoas são julgadas não pelo que são, mas pelo que possuem e os valores não têm valor! O futuro mostra-se aterrador com a inexorável aniquilação do meio ambiente e suas catastróficas consequências, sem falar nas guerras, terrorismo, pobreza... cada época tem o Deus que merece. Qual seria o da nossa Era, o Pré-Armaggedon?
Na árvore geneálogica dos Deuses Gregos é a filha de Nyx (noite) e irmã de Hypnos (sono), Nêmesis (retribuição), Destino e Tânatos (morte). Trata-se de Eris, a Deusa do Caos, conhecida como Discórdia pelos Romanos. Ninguém comenta isso, mas foi ela a causadora da Guerra de Tróia, e não o Orlando Bloom. Eris tem os olhos saltados e a cabeça cheia de serpentes, e em geral é representada com um punhal na mão e uma tocha na outra. Para os adeptos do Movimento Discordialista - Operation Mindfuck, Projeto Luther Blisset, Sociedade Cacofônica - Eris é a verdadeira Deusa Suprema de um Universo caótico, onde a salvação é o nonsense, a desinformação, idéias absurdas e invenção de Teorias Conspiratórias. Vou me aprofundar no assunto dependendo do interesse que despertar Só o caos salva, vai por mim.
De toda forma, se existe um Deus na concepção das grandes religiões monoteístas, ele está se lixando prá nós. Ou nos punindo. Essa idéia de um Deus austero, punitivo, nunca entrou na minha cabeça. Jesus não descreveu seu Pai assim. Além do mais, acho a coisa mais arrogante do mundo considerar que temos a mesma aparência que Ele (leiam o post sobre a Religião do Flying Spaghetti Monster, escrevi há um ou dois meses). Em suma: as grandes religiões não são mais que ferramentas de dominação, serviram de pretexto para guerras horríveis e inúmeros atos de injustiça, portanto devem ser superadas, esquecidas. Isso sim, seria um grande salto para a Humanidade.
Por outro lado, a abolição do Judaísmo, Cristianismo e Islamismo não ia resolver o problema, não é mesmo? Os ex-seguidores dessas religiões não iam se tornar ateus ou agnósticos e darem-se por satisfeitos. O fato é que todos temos um vazio interior que precisa ser preenchido, do contrário ficamos desorientados (já notaram como as palavras guardam, histórias, segredos? Orientar-se, ter o oriente como referência e paradoxalmente o Oriente permanece um mistério para nós, ocidentais), passamos a procurar Deus nos lugares mais absurdos, como no fundo de garrafas de bebida, no interior de carros importados ou nas partes íntimas de parceiros sexuais. Mas é tudo tão caótico e incoerente, não temos mais heróis nem modelos, as utopias estão mortas, as pessoas são julgadas não pelo que são, mas pelo que possuem e os valores não têm valor! O futuro mostra-se aterrador com a inexorável aniquilação do meio ambiente e suas catastróficas consequências, sem falar nas guerras, terrorismo, pobreza... cada época tem o Deus que merece. Qual seria o da nossa Era, o Pré-Armaggedon?
Na árvore geneálogica dos Deuses Gregos é a filha de Nyx (noite) e irmã de Hypnos (sono), Nêmesis (retribuição), Destino e Tânatos (morte). Trata-se de Eris, a Deusa do Caos, conhecida como Discórdia pelos Romanos. Ninguém comenta isso, mas foi ela a causadora da Guerra de Tróia, e não o Orlando Bloom. Eris tem os olhos saltados e a cabeça cheia de serpentes, e em geral é representada com um punhal na mão e uma tocha na outra. Para os adeptos do Movimento Discordialista - Operation Mindfuck, Projeto Luther Blisset, Sociedade Cacofônica - Eris é a verdadeira Deusa Suprema de um Universo caótico, onde a salvação é o nonsense, a desinformação, idéias absurdas e invenção de Teorias Conspiratórias. Vou me aprofundar no assunto dependendo do interesse que despertar Só o caos salva, vai por mim.
segunda-feira, 14 de agosto de 2006
New template, lost links, lost links
Achava aquela template de fundo preto até legal, mas dificultava a leitura. Troquei por uma estilo letra gorda, perdi todos os links, perdi a paciência, a little push in the bush, the whole year inn, the hole you´re in, imagine me and you, I do, I think about you day and night, it´s only right, to think about the girl you love and hold her tight, so happy together, how is the weather. ALGUÉM SABE QUEM É MIKE YANAGITA?Stillness in Velocity
Não vi muita graça nesse desenho. Vou fazer uma animação com um plug in do photoshop e vou rasgar a camisa desse Vernon e pisar na camisa do Campeão do Mundo, destroçado, humilhado, rasgado, demolido. Tenho cara de gaúcho, pinta de gaúcho, roupa de gaúcho, mas não sou gaúcho.
MIKE YANAGITA é a chave, a síntese da Civilização Ocidental Pós-Moderna. Nós somos o Charlton Heston, ele é a Estátua da Liberdade e estamos no Planeta dos Macacos.
sexta-feira, 11 de agosto de 2006
A Realidade da Mente - Parte 3
Psicologia, o estudo da mente. Todo estudo científico sobre a Arte, criação da mente, pode ser chamado de psicologia. Pode ter outras definições, mas vai sempre ser psicologia.
"Uma compreensão fundamental da psique humana é a chave para a mágica bem-sucedida"
"Uma compreensão fundamental da psique humana é a chave para a mágica bem-sucedida"
Robert Houdin(Pai da Mágica Moderna)
Um parêntese sobre essa figura. Nascido na França, em 1856 foi enviado à Argélia - colônia francesa - para conter uma rebelião árabe, impressionando-os com seus truques. Ele deixou que um árabe desse um tiro nele. A bala, em vez de matá-lo, foi encontrada em sua boca. A comoção foi tamanha que os árabes passaram a temê-lo, crendo que ele era capaz de fazer qualquer coisa.
A compreensão da psicologia não significa que você vai sempre usá-la. É apenas o primeiro passo, sendo o segundo ter consciência dela e saber usá-la. Ela lida com diferenças sutis que levam a grandes distinções.
Neurociência: ciência do cérebro, o aspecto físico da mente
Toda função da mente tem seu membro físico, o cérebro, para exercê-la. A mente é espiritual enquanto o cérebro é seu correspondente físico. Todo pensamento que temos causa uma reação nos neurônios correspondentes que enviam sinais através das sinapses resultando em atividade cerebral ou ações neuromusculares.
Portanto, quanto melhor estiver seu cérebro, melhor sua mente estará para funcionar na realidade física e vice versa. A mente, contudo, é superior. O nível físico da realidade sempre sujeita-se ao nível espiritual da realidade.
Toda desordem neurológica tem sua origem nas condições psicológicas. O problema com a psiquiatria é que ela tende a inverter a relação mente/cérebro.
Quando você acha que drogas são a solução, você não está lidando com a origem do problema, que em geral é de ordem psicoespiritual, e não puramente biológica. Elas apenas mascaram o que há de errado. A ocorrência de efeitos colaterais no uso de drogas psiquiátricas se deve à rejeição do corpo aos químicos ingeridos, mais do que isso, é uma tentativa de te conscientizar sobre seus problemas reais, da necessidade de encará-los e resolvê-los.
A compreensão da psicologia não significa que você vai sempre usá-la. É apenas o primeiro passo, sendo o segundo ter consciência dela e saber usá-la. Ela lida com diferenças sutis que levam a grandes distinções.
Neurociência: ciência do cérebro, o aspecto físico da mente
Toda função da mente tem seu membro físico, o cérebro, para exercê-la. A mente é espiritual enquanto o cérebro é seu correspondente físico. Todo pensamento que temos causa uma reação nos neurônios correspondentes que enviam sinais através das sinapses resultando em atividade cerebral ou ações neuromusculares.
Portanto, quanto melhor estiver seu cérebro, melhor sua mente estará para funcionar na realidade física e vice versa. A mente, contudo, é superior. O nível físico da realidade sempre sujeita-se ao nível espiritual da realidade.
Toda desordem neurológica tem sua origem nas condições psicológicas. O problema com a psiquiatria é que ela tende a inverter a relação mente/cérebro.
Quando você acha que drogas são a solução, você não está lidando com a origem do problema, que em geral é de ordem psicoespiritual, e não puramente biológica. Elas apenas mascaram o que há de errado. A ocorrência de efeitos colaterais no uso de drogas psiquiátricas se deve à rejeição do corpo aos químicos ingeridos, mais do que isso, é uma tentativa de te conscientizar sobre seus problemas reais, da necessidade de encará-los e resolvê-los.
terça-feira, 8 de agosto de 2006
Relatório Alien sobre a Vida no Planeta Terra
"Chamando Base de Comando, chamando Base de Comando... aqui missão Sfot Poc, enviando relatório sobre a Vida no Planeta Terra. A Raça Dominante desse corpo celeste são seres feitos de ligas metálicas, locomovem-se sobre arcos negros pressurizados, alimentam-se de um derivado de petróleo, evacuam gases tóxicos e têm uns parasitas chamados humanos, que, apesar de procriarem como loucos, já parecem ter aceitado sua condição inferior e se submeteram à Raça Dominante. Civilização auto-destrutiva, recomendamos manter distância. Fim de Relatório."
Leiam
Acho que já faz um bom tempo desde que não escrevo um post estilo "redação" ou "ensaio" para os metidos a bacana. Um texto de Alcione Araújo na Folha de uns dias atrás foi como uma agulha que me espetou, como que dizendo: isso é uma preciosidade, um relatório de um cara que enxerga sobre uma terra de cegos, você tem que passar isso adiante.
Eu podia simplesmente copiar o texto, mas algumas experiências individuais me levaram a repassar as elucubrações de Araújo com algumas observações minhas. Vamos começar com algumas estatísticas: são 186 milhões de brasileiros dos quais nada menos que 55 estão relacionados de alguma forma à educação - são professores e estudantes de todos os níveis.
Alguém discorda que educação e cultura deviam andar de braços dados, que a existência de um depende do outro? Examinando os números da cultura começamos a vislumbrar o abismo que afasta esses dois universos no Brasil. A tiragem média de um livro é de 3.000 exemplares, a ocupação média das salas de teatro é de 18%, em matéria de música, as gravadoras têm números vexatórios - também, cobrando em dólar quem ganha em reais... - e a média de expectadores nos cinemas gira em torno de 250.000 - em 2006 são 180.000 até agora.
Nas sábias palavras do autor:
"O país vive esquizofrênica fratura: uma educação sem cultura e uma criação artística sem público. A economia pode até crescer, mas cresce sem alma".
Ia continuar com minhas próprias palavras, mas é claro que Araújo diz a mesma coisa de forma bem mais elaborada e sucinta:
"Criação da subjetividade, de percepção subjetiva, as artes interagem com as demais metáforas - filosofia, antropologia, sociologia etc. - criadas pela sensibilidade e razão humanas para se entender, entender o mundo e se entender no mundo".
Exato. Contudo, o que se vê na realidade? Tive colegas na Faculdade de Comunicação ( o negrito é para destacar que serão nossos futuros jornalistas, publicitários, RPs...) que nunca tinham lido um livro inteiro na vida. No vestibular usaram aqueles resumos infames das obras que iam cair na prova. Minha ex-mulher era professora de Direito, ensinava Sociologia, pro primeiro ou segundo período e Teoria do Processo mais pro final do curso. Os alunos achavam Sociologia pura perda de tempo, pois aparentemente o que se ensinava nessa disciplina não ia ajudá-los a encher o bolso de dinheiro como advogados. E falavam com ela coisas como: "não vejo a hora de ter aula de novo com você, de uma matéria que não é esse lixo inútil", achando-se muito espertos...Vivemos uma ditadura do pragmatismo, ninguém percebe - nem parece ter interesse em perceber - como tudo está correlacionado. Acho que quem não enxerga isso está condenado a repetir a história, incorrer nos mesmos erros - mesmo porque não sabe quais são eles.
Caramba, parei para assistir o Jornal da Globo: 40 ônibus incendiados só hoje em SP. O que isso tem a ver com o post? Bem, na nossa sociedade a educação não passa de uma ferramenta para se conseguir um emprego e comprar um Civic. Esquece-se que sua função também é de ampliar os horizontes. Mais uma vez, recorro ao autor:
"Nessa moldura, a missão da Universidade - a universalização do saber pelo tripé da formação do profissional, do cidadão e do homem - torna-se uma trajetória de adestramento para a produção".
É a cultura que forja o processo civilizatório, caminho que o Brasil tenta seguir, mas marcha erraticamente, tropeça, se perde. Sem uma identidade cultural própria, estamos fadados a ser uma eterna ex-colônia, que prima pela exclusão social e elitização de uma cultura, que, no fundo, não é nossa. Pode-se argumentar que temos uma arte popular, que prescinde da educação para existir, mas isso não é nenhum demérito. Mas há também a arte tradicional, aquela que dirige-se ao espírito. Antes da Ditadura, tentou-se estabelecer um diálogo entre elas, mas o projeto foi abortado. No imenso espaço entre essas duas formas de manifestação cultural, chega a poderosa Rede Globo, que passa a ditar a moda, os valores, comportamentos. Cultura industrial, que tenta se apossar do artista, mas acaba tornando-o mais um produto, pasteurizado, edulcorado. Quem fica à margem do esquema global, praticamente não tem voz, sua obra não chega ao público, o processo humanitário da arte se perde, o repertório da sociedade se empobrece.
Sem platéia não há dinheiro, sem dinheiro não há produção. Recorre-se então ao Estado e fica-se refém de um sistema pré-estabelecido, inibindo a ousadia. O artista tem então que nivelar-se ao nível do público, pobremente educado, para que tenha uma platéia. Educação não é só técnica, arte não é só um adorno. Vamos concluir com Araújo:
"Há uma dimensão humana, que, sem educação e cultura, nada agrega como experiência coletiva, nem alcança a plenitude como experiência individual, capaz de discernir e ser livre para escolher. E, sem isso, não podemos dizer que somos realmente humanos"
Eu podia simplesmente copiar o texto, mas algumas experiências individuais me levaram a repassar as elucubrações de Araújo com algumas observações minhas. Vamos começar com algumas estatísticas: são 186 milhões de brasileiros dos quais nada menos que 55 estão relacionados de alguma forma à educação - são professores e estudantes de todos os níveis.
Alguém discorda que educação e cultura deviam andar de braços dados, que a existência de um depende do outro? Examinando os números da cultura começamos a vislumbrar o abismo que afasta esses dois universos no Brasil. A tiragem média de um livro é de 3.000 exemplares, a ocupação média das salas de teatro é de 18%, em matéria de música, as gravadoras têm números vexatórios - também, cobrando em dólar quem ganha em reais... - e a média de expectadores nos cinemas gira em torno de 250.000 - em 2006 são 180.000 até agora.
Nas sábias palavras do autor:
"O país vive esquizofrênica fratura: uma educação sem cultura e uma criação artística sem público. A economia pode até crescer, mas cresce sem alma".
Ia continuar com minhas próprias palavras, mas é claro que Araújo diz a mesma coisa de forma bem mais elaborada e sucinta:
"Criação da subjetividade, de percepção subjetiva, as artes interagem com as demais metáforas - filosofia, antropologia, sociologia etc. - criadas pela sensibilidade e razão humanas para se entender, entender o mundo e se entender no mundo".
Exato. Contudo, o que se vê na realidade? Tive colegas na Faculdade de Comunicação ( o negrito é para destacar que serão nossos futuros jornalistas, publicitários, RPs...) que nunca tinham lido um livro inteiro na vida. No vestibular usaram aqueles resumos infames das obras que iam cair na prova. Minha ex-mulher era professora de Direito, ensinava Sociologia, pro primeiro ou segundo período e Teoria do Processo mais pro final do curso. Os alunos achavam Sociologia pura perda de tempo, pois aparentemente o que se ensinava nessa disciplina não ia ajudá-los a encher o bolso de dinheiro como advogados. E falavam com ela coisas como: "não vejo a hora de ter aula de novo com você, de uma matéria que não é esse lixo inútil", achando-se muito espertos...Vivemos uma ditadura do pragmatismo, ninguém percebe - nem parece ter interesse em perceber - como tudo está correlacionado. Acho que quem não enxerga isso está condenado a repetir a história, incorrer nos mesmos erros - mesmo porque não sabe quais são eles.
Caramba, parei para assistir o Jornal da Globo: 40 ônibus incendiados só hoje em SP. O que isso tem a ver com o post? Bem, na nossa sociedade a educação não passa de uma ferramenta para se conseguir um emprego e comprar um Civic. Esquece-se que sua função também é de ampliar os horizontes. Mais uma vez, recorro ao autor:
"Nessa moldura, a missão da Universidade - a universalização do saber pelo tripé da formação do profissional, do cidadão e do homem - torna-se uma trajetória de adestramento para a produção".
É a cultura que forja o processo civilizatório, caminho que o Brasil tenta seguir, mas marcha erraticamente, tropeça, se perde. Sem uma identidade cultural própria, estamos fadados a ser uma eterna ex-colônia, que prima pela exclusão social e elitização de uma cultura, que, no fundo, não é nossa. Pode-se argumentar que temos uma arte popular, que prescinde da educação para existir, mas isso não é nenhum demérito. Mas há também a arte tradicional, aquela que dirige-se ao espírito. Antes da Ditadura, tentou-se estabelecer um diálogo entre elas, mas o projeto foi abortado. No imenso espaço entre essas duas formas de manifestação cultural, chega a poderosa Rede Globo, que passa a ditar a moda, os valores, comportamentos. Cultura industrial, que tenta se apossar do artista, mas acaba tornando-o mais um produto, pasteurizado, edulcorado. Quem fica à margem do esquema global, praticamente não tem voz, sua obra não chega ao público, o processo humanitário da arte se perde, o repertório da sociedade se empobrece.
Sem platéia não há dinheiro, sem dinheiro não há produção. Recorre-se então ao Estado e fica-se refém de um sistema pré-estabelecido, inibindo a ousadia. O artista tem então que nivelar-se ao nível do público, pobremente educado, para que tenha uma platéia. Educação não é só técnica, arte não é só um adorno. Vamos concluir com Araújo:
"Há uma dimensão humana, que, sem educação e cultura, nada agrega como experiência coletiva, nem alcança a plenitude como experiência individual, capaz de discernir e ser livre para escolher. E, sem isso, não podemos dizer que somos realmente humanos"
sábado, 5 de agosto de 2006
Blog premiado, diferente de tudo que já viu
Não tenho tido muito tempo de prosseguir com meus posts habituais, mas me mostraram um blog que eu não podia deixar de passar o canal. Traz imagens de 100, 200, 300 anos atrás e é cheio de links igualmente fascinantes. Arte, Ciência, História, Ocultismo, até Publicidade e Cartuns podem ser encontrados.
http://bibliodyssey.blogspot.com/
Imagens bizarras, até meio macabras para nossos olhos acostumados com uma iconografia limpinha, asséptica. Temos que levar em conta que foram trabalhos produzidos em contextos muito diferentes do nosso, e é aí que reside todo o charme do blog. Examinem com tempo, é um mergulho em outras realidades. E os posts ainda podem ser traduzidos para o português.
http://bibliodyssey.blogspot.com/
Imagens bizarras, até meio macabras para nossos olhos acostumados com uma iconografia limpinha, asséptica. Temos que levar em conta que foram trabalhos produzidos em contextos muito diferentes do nosso, e é aí que reside todo o charme do blog. Examinem com tempo, é um mergulho em outras realidades. E os posts ainda podem ser traduzidos para o português.
quinta-feira, 3 de agosto de 2006
Não use o nome deles em vão
É realmente lamentável eu não saber pôr música no blog. Se soubesse, garanto que ia ter muito Beatles. Quero fazer uma enquete onde ninguém vai votar. Qual sua canção favorita?
a) Taxman e) Penny Lane i)Happiness is a warm Gun
b) Drive my Car f) Glass Onion j)Long and Winding Road
c) Michelle g) Get Back k) Rocky Raccoon
d) I am the Walrus h) The Ballad of John and Yoko l) Hey Bulldog
Faltou um monte. Então vou fazer o alfabeto inteiro. Para mim, cada uma dessas músicas é uma pequena obra-prima, são igualmente incomparáveis:
m) While my Guitar Gently Weeps
n) She Came in Through the Bathroom Window (protected by a silver spoon, não faz sentido, alguém pode me explicar essa música hermeticamente linda?)
o) Lady Madonna
p) Tomorrow Never Knows
q) With a Lttle Help from my Friends
r) Why don´t We do it in the Road
s) Back in the USSR
t) Blackbird
u) Ticket to Ride
v) Please Mr. Postman
w) Yer Blues
x) I me Mine
y) I´m so Tired
z) Everybody´s got Something to Hide Except for me and My Monkey (your inside is out, your outside is in)
Mandem os Strokes, a Marisa Monte, o DJ não sei quem, Limp Bizkit e 50 Cent à merda e vão escutar os Beatles. Eles ainda vão ser canonizados, não, eles vão rivalizar com a Igreja Universal o posto de maior religião do mundo.
a) Taxman e) Penny Lane i)Happiness is a warm Gun
b) Drive my Car f) Glass Onion j)Long and Winding Road
c) Michelle g) Get Back k) Rocky Raccoon
d) I am the Walrus h) The Ballad of John and Yoko l) Hey Bulldog
Faltou um monte. Então vou fazer o alfabeto inteiro. Para mim, cada uma dessas músicas é uma pequena obra-prima, são igualmente incomparáveis:
m) While my Guitar Gently Weeps
n) She Came in Through the Bathroom Window (protected by a silver spoon, não faz sentido, alguém pode me explicar essa música hermeticamente linda?)
o) Lady Madonna
p) Tomorrow Never Knows
q) With a Lttle Help from my Friends
r) Why don´t We do it in the Road
s) Back in the USSR
t) Blackbird
u) Ticket to Ride
v) Please Mr. Postman
w) Yer Blues
x) I me Mine
y) I´m so Tired
z) Everybody´s got Something to Hide Except for me and My Monkey (your inside is out, your outside is in)
Mandem os Strokes, a Marisa Monte, o DJ não sei quem, Limp Bizkit e 50 Cent à merda e vão escutar os Beatles. Eles ainda vão ser canonizados, não, eles vão rivalizar com a Igreja Universal o posto de maior religião do mundo.
quarta-feira, 2 de agosto de 2006
TC Parte 6 - Ray Palmer, inventor de discos voadores
Nascido em 1910, em 38 assumiu o cargo de editor da revista Amazing Stories, à beira da falência. Ele resolveu inovar o conteúdo do periódico na tentativa de salvá-la: além dos tradicionais contos de sci-fi, adicionou umas reportagens insólitas. A primeira contava a história de uma raça que vivia no subterrâneo, os cruéis Deros. Muita gente levou a história a sério, tornando-a um grande sucesso. Em 47 o piloto Kenneth Arnold criou celeuma na imprensa afirmando que tinha visto objetos que deslizavam no céu como "discos voadores"(flying saucers). Palmer viu aí uma mina de ouro, um enorme campo a ser explorado. Foi o primeiro a usar o termo que designa os OVNIs e a falar em abdução alienígena. Os famigerados "Homens de Preto" fizeram sua estréia na imprensa através de Palmer. Para culminar a onda de sorte, 47 foi o ano em que um disco voador caiu em Roswell, e ele explorou o assunto como ninguém. A idéia de que o governo recolheu destroços e mesmo ocupantes da "nave" foi dele, inaugurando a conspiração "o governo esconde os ovnis de nós". Enfim, quase tudo que se sabe sobre os visitantes do espaço foi divulgado - ou inventado, a escolha é sua - por Ray Palmer. E ninguém nunca ouviu falar dele. Quem sabe ele próprio não seria um deles? Nunca vamos saber: Palmer morreu em 77.
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