domingo, 31 de dezembro de 2006

Flagrantes de outro Espaço-Tempo - 2


10 de Maio de 1973: o jornal Dearborn Press do estado de Michigan, EUA relata um bizarro incidente ocorrido com uma certa Laura Jean Daniels, quando voltava do trabalho para casa, tarde da noite. Ela contemplava a Lua e pensava em astronautas. Ao olhar para baixo, não reconheceu mais o que via: "Até a calçada havia desaparecido, eu estava em um caminho de tijolos. As casas na rua também tinham desaparecido e alguns metros adiante havia uma casinha que eu nunca tinha visto. Mesmo o odor me pareceu estranhamente fora da realidade que conheço." Intrigada e assustada, ela seguiu pelo caminho e ao aproximar-se da casinha viu um homem e uma mulher, ambos com roupas antiquadas, sentados no jardim. "Estavam abraçados e, acredite", ela diz ao repórter, "pude sentir que ela estava apaixonada". Embaraçada por presenciar um momento íntimo, ela pensava em como interpelar o casal, quando surgiu um cãozinho detrás de uma moita latindo furiosamente em direção a ela. "Ele tremia todo. O homem mandou o cachorro parar de latir, querendo saber o motivo. Então percebi que o homem não estava me vendo e mesmo assim eu sentia os cheiros das flores e o portão em minha mão". Confusa, virou-se e olhou para trás e viu a paisagem que conhecia, ainda com o portão na mão. No entanto, ao virar-se de novo para frente, a casinha não estava mais lá. Em vez disso, "eu estava parada no meio de minha própria quadra, perto de minha casa." Ela nunca mais viu o casal, o cão ou a casinha. Laura, por breves momentos, escorregou através do tempo, do espaço, ou ambos.



8 de Novembro de 1519: historiadores consideram essa data o maior símbolo do encontro de dois continentes. Nessa dia, Montezuma, o Soberano asteca, e o explorador espanhol Hernán Cortez ficaram frente à frente pela primeira vez, no Vale do México. O encontro era amigável, mas podia-se sentir a tensão no ar - afinal, o Imperador asteca estava acolhendo aquele que, meses depois, seria responsável por sua morte e de milhares de seu povo. Astuto, Cortez conseguiu unir todas as tribos rivais dos astecas e iniciou um cerco à capital Tenochtitlán que durou meses. Contudo, não foram as espadas espanholas os maiores algozes dos astecas, e sim as doenças trazidas do Velho Mundo: o sarampo, a varíola e a gripe exterminaram 1/3 dos habitantes da capital em poucos meses.

Ilustração mostra Cortez já em Tenochtitlán em seu segundo encontro com Montezuma


15 de Julho de 1099:
os Cruzados invadem Jerusalém. A guarda muçulmana e os pacíficos habitantes da cidade - na época um espaço multicultural onde judeus e maometanos conviviam harmonicamente - presenciaram um banho de sangue sem precedentes, uma barbárie inigualável, covarde, bestial. O guerreiro muçulmano lutava obedecendo regras éticas e morais, como não atacar mulheres e crianças, daí sua estupefação com os cruzados, que não pouparam nem animais de estimação... Não quero entrar nesses detalhes.
Alguns anos antes, o poeta árabe Al Maari escreveu que a Humanidade se divide em dois grupos: "os que têm cérebro mas não têm religião/E aqueles que têm religião mas não têm cérebro". Polêmicas à parte, ele profetizou a tragédia que, aparentemente, arruinou para sempre as relações entre cristãos e muçulmanos. O Grande Massacre, como ficou conhecido, "permaneceu como um estúpido altar sacrificial erguido por homens que têm religião, mas não têm cérebro." (do site Educaterra)


Julho e Agosto de 2006: mais de 900 anos depois, o poema de Al Maari nunca esteve tão atual: conflito entre Israel e o Hezbollah devasta o Líbano, a ONU declara que a faixa de Gaza está em "uma crise humanitária intolerável". Não muito longe dali, no Iraque, prossegue uma injustificável guerra motivada por... petróleo. Os cruzados ao menos eram motivados pela fé.

2 comentários:

Sun disse...

hahaha
gostei do paralelo feito!!!
mas não acho que antes eles eram motivados pela fé.. acho que o poder já os instigava

Anônimo disse...

Eu já "viajei" no tempo.
De uma outra maneira. Mas, até hoje não consigo saber se foi alucinação ou real.
Acho que vou ficar com essa dúvida pra sempre.

Beijo.