O nome significa "País das 40 Tribos". Antiga república da URSS, bem no coração da Ásia. Aliás, é a versão asiática da minha terrinha, Minas, sem mar, com montanhas a perder de vista e totalmente ignorados pelo resto do mundo.
De acordo com o guia Lonely Planet, motivos para visitar essa jovem república são escassos. O Quirguistão, como era de se esperar, é esquisito da cabeça aos pés. Não há monumentos históricos, a arquitetura é típica de países ex-comunistas, a comida é ruim, o governo é corrupto, o povo tem costumes bem sui generis, como se verá adiante. Por outro lado, o país é conhecido como a "Suíça da Ásia Central" pela beleza das paisagens e é relativamente seguro. O guia afirma ser um dos lugares mais acessíveis da região.
O povo é tido como alegre, hospitaleiro, gosta de desobedecer as autoridades e beber leite fermentado de égua (não é brincadeira). O esporte nacional é o ulak, uma espécie de rugby jogado sobre cavalos em que a bola é uma carcaça de um filhote de bode. Começa o freak show.
A versão quirguiz do Charlie Brown Jr: sopra-se o chifre para anunciar cerimônia de casamento
Outra tradição do arco da velha é o sequestro de noivas. Costume remanescente das tribos nômades que são os antepassados dos quirguizes, mesmo no século XXI ainda é muito praticado, só que em vez de cavalos usam carros para raptar a moça. É tudo muito simples: escolha a noiva, chame uns amigos ou mesmo seus pais, vá atrás dela e coloque-a no carro, a vontade dela é o que menos importa. Leve-a para casa, onde suas tias vão tentar convencê-la que no fundo você é um bom partido. Se não funcionar, problema dela. Violência sexual é outra forma de persuadi-la. As poucas noivas raptadas que conseguem se livrar do jugo do noivo wannabe passam a carregar um terrível estigma social. Algumas se matam.
Enquanto era uma república soviética, os russos bem que tentaram erradicar esse hábito escatológico, sem sucesso. Embora proibido por lei, são raríssimos os casos em que os sequestradores recebem alguma punição. O sequestro de noivas também é praticado, em variações ainda mais violentas na Etiópia e em Ruanda, além dos países vizinhos do Quirguistão.
Queria escrever um post bestinha, metido a inusitado, e me deparo com mais uma aberração desse bicho esquisito que é o homem. Até quando grupos de algum gênero, credo ou raça em desvantagem num determinado contexto continuarão a ser tratados como criaturas inferiores? Toda a história nos mostra que abuso e discriminação são lesivos tanto para quem o pratica quanto para aquele que sofre. Mas em nome da "cultura" as pessoas prosseguem cometendo os mesmos erros, estupidamente coerentes com sua estupidez.
Enquanto era uma república soviética, os russos bem que tentaram erradicar esse hábito escatológico, sem sucesso. Embora proibido por lei, são raríssimos os casos em que os sequestradores recebem alguma punição. O sequestro de noivas também é praticado, em variações ainda mais violentas na Etiópia e em Ruanda, além dos países vizinhos do Quirguistão.
Queria escrever um post bestinha, metido a inusitado, e me deparo com mais uma aberração desse bicho esquisito que é o homem. Até quando grupos de algum gênero, credo ou raça em desvantagem num determinado contexto continuarão a ser tratados como criaturas inferiores? Toda a história nos mostra que abuso e discriminação são lesivos tanto para quem o pratica quanto para aquele que sofre. Mas em nome da "cultura" as pessoas prosseguem cometendo os mesmos erros, estupidamente coerentes com sua estupidez.
6 comentários:
Ai, ai, esse post rende um comentário gigante. Mas vou poupar você dos meus afãs ideológicos, porque ninguém merece. Nem eu mereço minhas maluquices panfletárias.
Mas, uma coisa eu aprendi.
Por mais que eu ache violência e esses costumes ridículos e absurdos, olho para eles com minha visão ocidental e "emancipada" (emancipada com várias aspas).
Costumes e crenças fazem parte de uma tradição, muitas vezes, de séculos e séculos.
É como querer "civilizar" índio.
O nosso olhar sempre parece o certo e queremos interferir para "melhorar". Mas e a ordem natural do mundo? E o respeito pelo olhar de quem vê de dentro?
Sabe, quanto mais penso, mais entendo que preciso pensar. É uma dialética meio torta comigo mesma.
Ainda não cheguei a conclusão de muita coisa, por isso, fico com Marc Bloch, quando fala da visão e entendimento do homem sobre a história dos povos, sobretudo o seu: "o historiador é filho do seu tempo".
Beijo meu.
Oi, achei teu blog pelo google tá bem interessante gostei desse post. Quando der dá uma passada pelo meu blog, é sobre camisetas personalizadas, mostra passo a passo como criar uma camiseta personalizada bem maneira. Se você quiser linkar meu blog no seu eu ficaria agradecido, até mais e sucesso. (If you speak English can see the version in English of the Camiseta Personalizada. If he will be possible add my blog in your blogroll I thankful, bye friend).
Vale sequestrar noivos também??
Achei sua incursão quase antropológica bem interessante... tem um filme mais ou menos nesse genero que vi há alguns meses no cinema e adorei. Você viu Transylvania? Recomendo, e o Contracorrente também, que aliás é com o mesmo ator.
Olá!
Esses dias assisti aquele filme do Mel Gibson, sobre os Maias. O começo achei ridículo, não gostei do meio nem do final. Não recomendo.
Eu não conhecia nada sobre os Maias. Depois de ver aquelas coisas(cabeças rolando pela escada do zigurate etc), reavaliei minha opinião sobre os europeus exterminadores de índios. Complicado.
Bom. Até.
Não costumo comentar aqui, mas abro uma exceção: esse post é preconceituoso, intolerante. Leiam o comment da Lid. Ê sabedoria...
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