domingo, 31 de dezembro de 2006

Prepare-se para a ressaca

Três posts no mesmo dia... Mas esse é extremamente oportuno, dicas para evitar um day after estilo bomba atômica. Tá certo que é um dos mais cultivados clichês de fim de ano, ao menos as idéias passam longe do Engov

1. Escolha da Bebida: há quem diga que destilados com pouco sabor, como a vodca causam ressacas mais leves, o problema é que a ausência de gosto te leva a perder o controle de quantas doses tomou. A dica é escolher uma bebida com sabor mais forte de álcool.

2. Se costuma beber café, beba assim que acordar. E tome muita água. Se estiver muito desidratado faça o soro caseiro (água com açúcar e um pouco de sal).

3. Não tome analgésicos antes da dor de cabeça aparecer, são danosos ao fígado quando combinados com bebida.

No mais, tenha um ótimo Réveillon!

My playlist - Top não sei quanto

Esse último dia do ano está estranho, o tempo não passa. Vejo o blog de outras pessoas falando de si mesmas de peito aberto, sem medo de se revelarem. Admiro, mas não sou assim, ainda não. Mas vou divulgar minha playlist com todas suas cafonices ultrapassadas. Coisas que escuto ultimamente, tem muitas bandas que gosto e listo pouca coisa (ou nada) porque já ouvi demais... tipo Doors, Pink Floyd, Beatles, Stones, Cream, Nirvana, Soundgarden etc. Nota-se que estou extremamente desatualizado, mas o que se faz hoje em dia geralmente é desastroso.

Animals - Bring it on Home
Animals - House Of The Rising Sun
Aretha Franklin - Think
Barry White - You Sexy Thing
Beatles - Glass Onion
Beatles - Rocky Racoon
Beatles - She Came in Through the Bathroom Window
Bee Gees - Saturday Night Fever - Stayin Alive
Billy Joel - Uptown Girl
Billy Joel - River of Dreams
Black Sabbath - A National Acrobat
Black Sabbath - Symptom of the Universe
Blind Faith - Can't Find My Way Home
Bob Dylan - Hurricane
Booker T and the Mg's - Green Onions
Cake - The Distance
Cake - Frank Sinatra
Cake - Never There
Cake - I will Survive
Cardigans - Carnival
Carlos Santana - Guajira

Carlos Santana - Batuka

Carlos Santana - Black Magic Woman
Chemical Bro's - Block Rockin Beats
Chris Isaak - Wicked Game
Chordettes - Mr. Sandman
Cream - Tales of Brave Ulisses
Credence Clearwater Revival - Pagan Baby
Credence Clearwater Revival - Ramble Tamble
Crosby, Stills, Nash & Young - Deja Vu (o disco todo)
Daft Punk - Da Funk
Dave Brubeck Quartet - Take Five
Deep Purple - Lazy
Deep Purple - Speed King
Don McLean - American Pie
Donald Fagen - New Frontier
Donald Fagen - The Nightfly
Donovan - Season Of The Witch
Donovan - Mellow Yellow
Echo And The Bunnymen - People Are Strange
Echo And The Bunnymen - The Killing Moon
ELO - Blinded By The Light
ELO - 5th of Beethoven
ELO - Evil Woman
Etta James - Son Of A Preacher Man
Faith No More - Easy
Fiona Apple - Paper Bag
Fiona Apple - Criminal
Franz Ferdinand - Take me out
Genesis - Cinema Show
Genesis - I know what I like
Genesis - The Music Box

George Clinton - Play that Funky Music, White Boy

Gnarls Barkley - Crazy
Godfather-Theme Song from The Godfather
Gorillaz - Clint Eastwood
Gorillaz - Feel Good Inc
Husker Du - Too Far Down
Husker Du - Could You Be The One
Iron Butterfly - In the Garden of Eden
Iron Maiden - Phantom of the Opera
King Crimson - 21st Century Schizoid Man
Kinks - You Really got me
James Brown - It´s A Mans World
Jefferson Airplane - White Rabbit
John Lennon - Instant Karma
Kool & The Gang - Ladies Night
Leonard Cohen - A Little Bitty Tear
Leonard Cohen - Woke up this Morning
Lou Reed - Walk On The Wildside
Love Unlimited - I'm so Glad That I Am a Woman
Lulu - To Sir With Love (eu falei que ia listar tudo que escuto agora, sem censura)
Marvin Gaye - I Heard It Through The Grapevine
Michael Jackson - Smooth Criminal
Michael Jackson - Billie Jean
Michael Jackson - Thriller
Moody Blues - Nights in White Satin
Molotov - Dame todo El Power
Morcheeba - Let me See
Morcheeba - Be Yourself
Nancy Sinatra - These Boots are Made for Walking
Natalie Merchant & 10,000 Maniacs - Because the Night
Neil Young - Keep on Rockin´in the Free World
New Order- Bizarre Love Triangle
New Order - Blue Monday
Pattie LaBelle - Lady Marmalade
Paul Mccartney - Maybe I'm Amazed
Pearl Jam - Last Kiss
Pink Floyd - Have a Cigar
Pretenders - Back On The Chain Gang
Procol Harum - A Whiter Shade of Pale
Propellerheads - History Repeating (feat Shirley Bassey)
Rockwell - I Always Feel Like (Somebody's Watching Me)
Rolling Stones - Their Satanic Majesty´s Request (o disco todo)
Sam Cooke - Blue Moon
Sam Cooke - Don't Know Much About History
Santa Esmeralda - Don't Let Me Be Misunderstood
Sex Pistols - God save the Queen
Simon and Garfunkel - Mrs Robinson
Simon and Garfunkel - The Sound of Silence
Steppenwolf - Magic Carpet Ride
Steve Miller Band - Joker
Steve Miller Band - Take the Money and Run
Stevie Wonder - Supersticious
Sublime - Santeria
Talking Heads - And She Was
Ten Years After - I´m Coming On
Tenacious D - Jack Black & Kids - School of Rock
The Beach Boys - I Get Around
The Beach Boys - Wouldn´t it be Nice
The Commitments - Destination Anywhere
The Cure - I Will Always Love You
The Doobie Bros. - Listen to the Music
The Doors - Soul Kitchen
The Doors - Queen of the Highway
The Temptations - Papa Was a Rolling Stone
The The - I Saw the Light
The Turtles - Happy Together
The Who - Baba O´Riley

Tim Maia - A Bela e a Fera
Tom Petty - Cabin Down Below
Yes - Roundabout
Zombies - Time of the Season

Como é que eu faço para botar música no blog? E para tirar esse maldito sublinhado?

Flagrantes de outro Espaço-Tempo - 2


10 de Maio de 1973: o jornal Dearborn Press do estado de Michigan, EUA relata um bizarro incidente ocorrido com uma certa Laura Jean Daniels, quando voltava do trabalho para casa, tarde da noite. Ela contemplava a Lua e pensava em astronautas. Ao olhar para baixo, não reconheceu mais o que via: "Até a calçada havia desaparecido, eu estava em um caminho de tijolos. As casas na rua também tinham desaparecido e alguns metros adiante havia uma casinha que eu nunca tinha visto. Mesmo o odor me pareceu estranhamente fora da realidade que conheço." Intrigada e assustada, ela seguiu pelo caminho e ao aproximar-se da casinha viu um homem e uma mulher, ambos com roupas antiquadas, sentados no jardim. "Estavam abraçados e, acredite", ela diz ao repórter, "pude sentir que ela estava apaixonada". Embaraçada por presenciar um momento íntimo, ela pensava em como interpelar o casal, quando surgiu um cãozinho detrás de uma moita latindo furiosamente em direção a ela. "Ele tremia todo. O homem mandou o cachorro parar de latir, querendo saber o motivo. Então percebi que o homem não estava me vendo e mesmo assim eu sentia os cheiros das flores e o portão em minha mão". Confusa, virou-se e olhou para trás e viu a paisagem que conhecia, ainda com o portão na mão. No entanto, ao virar-se de novo para frente, a casinha não estava mais lá. Em vez disso, "eu estava parada no meio de minha própria quadra, perto de minha casa." Ela nunca mais viu o casal, o cão ou a casinha. Laura, por breves momentos, escorregou através do tempo, do espaço, ou ambos.



8 de Novembro de 1519: historiadores consideram essa data o maior símbolo do encontro de dois continentes. Nessa dia, Montezuma, o Soberano asteca, e o explorador espanhol Hernán Cortez ficaram frente à frente pela primeira vez, no Vale do México. O encontro era amigável, mas podia-se sentir a tensão no ar - afinal, o Imperador asteca estava acolhendo aquele que, meses depois, seria responsável por sua morte e de milhares de seu povo. Astuto, Cortez conseguiu unir todas as tribos rivais dos astecas e iniciou um cerco à capital Tenochtitlán que durou meses. Contudo, não foram as espadas espanholas os maiores algozes dos astecas, e sim as doenças trazidas do Velho Mundo: o sarampo, a varíola e a gripe exterminaram 1/3 dos habitantes da capital em poucos meses.

Ilustração mostra Cortez já em Tenochtitlán em seu segundo encontro com Montezuma


15 de Julho de 1099:
os Cruzados invadem Jerusalém. A guarda muçulmana e os pacíficos habitantes da cidade - na época um espaço multicultural onde judeus e maometanos conviviam harmonicamente - presenciaram um banho de sangue sem precedentes, uma barbárie inigualável, covarde, bestial. O guerreiro muçulmano lutava obedecendo regras éticas e morais, como não atacar mulheres e crianças, daí sua estupefação com os cruzados, que não pouparam nem animais de estimação... Não quero entrar nesses detalhes.
Alguns anos antes, o poeta árabe Al Maari escreveu que a Humanidade se divide em dois grupos: "os que têm cérebro mas não têm religião/E aqueles que têm religião mas não têm cérebro". Polêmicas à parte, ele profetizou a tragédia que, aparentemente, arruinou para sempre as relações entre cristãos e muçulmanos. O Grande Massacre, como ficou conhecido, "permaneceu como um estúpido altar sacrificial erguido por homens que têm religião, mas não têm cérebro." (do site Educaterra)


Julho e Agosto de 2006: mais de 900 anos depois, o poema de Al Maari nunca esteve tão atual: conflito entre Israel e o Hezbollah devasta o Líbano, a ONU declara que a faixa de Gaza está em "uma crise humanitária intolerável". Não muito longe dali, no Iraque, prossegue uma injustificável guerra motivada por... petróleo. Os cruzados ao menos eram motivados pela fé.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Mitologia Egípcia - Thoth (parte 8)


Ele tem tudo a ver com o último post, por isso resolvi voltar aos egípcios. Caracterizado como um homem com a cabeça de íbis, Thoth é o Deus do Tempo, da Sabedoria, da Escrita e da Lua. Se tivesse que escolher um Deus egípcio como "padroeiro", seria ele. De acordo com a tradição, Thoth inventou os hieróglifos, mediu a Terra, contava estrelas, era o escriba dos Deusas e o guardião de todo o Conhecimento - o tão procurado bibliotecário do conto de Borges. Ele iluminava as noites, protegeu Íris em sua gravidez e curou Horus quando Seth arrancou seu olho esquerdo (para saber a história inteira, leia os posts na sequência a partir de 1 de junho). O íbis é um pássaro de bico longo e curvo, usado para pescar peixes em águas rasas. O modo como o pássaro executa esse ato assemelha-se a um escriba molhando a pena na tinta.


O livro de Thoth possui dois feitiços. Se você ler o primeiro em voz alta vai aprender a língua dos animais (isso seria uma mão na roda pra mim, que tenho 10 bichos de estimação). O segundo feitiço traria os mortos de volta à vida. O Príncipe Setna, filho de Faraó, sabia que o livro estava escondido em uma tumba na Cidade dos Mortos. Junto com o irmão Anhurerau, invadiu a tumba de Neferkeptah, onde também estavam as múmias de sua esposa e filho. A mulher advertiu-os quanto ao perigo de se apossar do livro, que seu marido o havia pego e lido os feitiços. Enfurecido, Thoth descobriu o furto e como punição afogou ela e seu filho no Nilo. Neferkeptah
se matou. Setna ignorou-a e dirigiu-se ao livro.

Setna exige o livro

A múmia do marido despertou e o desafiou para uma série de quatro partidas de damas (sim, esse jogo é literalmente mais velho que rascunho da Bíblia). Se Setna vencesse, levaria o livro. Perdeu a primeira e começou a afundar na areia; perdeu de novo e afundou até a cintura. Quando viu que ia perder a terceira, pediu para o irmão trazer seus amuletos. Enterrado até o pescoço, Setna jogou a última bem devagarzinho, até que seu irmão voltou com os amuletos e os colocou em sua testa. O feitiço foi desfeito e ele fugiu dali.

Enquanto lia o livro, Setna viu uma mulher maravilhosa passando, apaixonando-se imediatamente e pedindo sua mão em casamento. Ela exigiu que ele matasse sua esposa e filho. Hipnotozado por sua beleza, Setna obedeceu. Mas em seguida a mulher sumiu. Então ele acordou, tinha sonhado com tudo aquilo, uma advertência para que devolvesse o livro de Thoth o mais rápido possível. Assim foi feito, e nunca mais se ouviu falar no livro de Thoth. Em tempo: o amuleto era um besouro.

Acho que há coisas que fogem da nossa compreensão e que devem permanecer na obscuridade. Espirais que nos levam alto demais, alto demais para nós, tão avançados cientificamente, tão primitivos espiritualmente. A bomba atômica seria uma página do livro? A Humanidade é uma criança brincando com um isqueiro, um galão de gasolina e uma arma carregada.
Setna deixa a tumba com o livro deThoth

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

Jorge Luis Borges


Eu já falei dele aqui. De ascendência portuguesa, este escritor, poeta e ensaísta argentino nasceu em 1899 e faleceu em 1986. Mestre da fantasia, do realismo fantástico, seus contos abordam universos e situações oníricas, muitos plenos de metáforas que remetem à filosofia e às religiões. Se já houve alguém que esteve perto de decifrar qual é a matéria do sonho, este foi Borges. Ele não tinha medo de explorar as trevas do desconhecido, do imponderável e invisível e extrair desses lugares pérolas que foram definidas por seu amigo Bioy Casares como "delírios do racional." Deus, em sua cruel ironia, tornou Borges cego, o que se manifestou em sua obra através de uma crescente produção poética.


O que me levou a falar dele no blog pela primeira vez foi seu conto "Tlon, Uqbar, Orbis Tertius" onde ele investiga um país cuja existência é confirmada apenas por um verbete na The Anglo-American Cyclopaedia (veja em maio, na série sobre teorias conspiratórias). A história sintetiza alguns de seus temas prediletos: o amor pelos livros (sobretudo aqueles que agrupam conhecimento, como enciclopédias e suas moradas, as bibliotecas), a criatividade ilimitada, sem demarcações que separam o real do imaginário, o gosto por tramas labirínticas. A Wikipedia nos lembra que, para Borges, não havia distinção entre inventar e descobrir, palavras sinônimas em latim. Não tenho palavras para descrever o quanto Borges me... mesmeriza, para usar um vocábulo borgiano.
Há ainda muito para se falar de Borges, a cada vez que voltar a ele vou contar uma de suas histórias. Vamos começar hoje com um conto tão emblemático quanto o acima mencionado. Eventualmente posso contar a de Funes, o homem que não se esquece de nada, ou As Ruínas Circulares, um lugar mágico onde um mago tenta criar uma pessoa através de seus sonhos, ou ainda O Aleph, sobre um artefato que permite ver qualquer coisa no universo. Mas hoje vamos visitar uma biblioteca, a maior de todas. Borges achava que se houvesse um paraíso, seria uma biblioteca.

A Biblioteca de Babel

O Mundo é uma biblioteca infinita, formada por salas hexagonais idênticas umas às outras, interligadas por escadas em espiral (espirais são símbolos quase onipresentes, dos maias aos judeus) onde estão guardados registros de todas as dimensões e universos possíveis, volumes aparentemente idênticos, de mesmo tamanho e número de páginas. Mas fora isso, tudo é confuso: as descrições nas lombadas não correspondem ao conteúdo das obras, livros em línguas já esquecidas, outros que não fazem sentido. O narrador, bibliotecário, se pergunta se há alguém capaz de encontrar o livro que revelaria o segredo do Universo e da Existência, esta pessoa seria considerada um Deus e muitos dedicam suas vidas a decifrarem volumes incompreensíveis. A busca por esse livro é ainda mais difícil quando se constata que algumas obras diferem apenas em uma vírgula ou palavra, e mesmo uma diferença tão pequena poderia mudar totalmente o sentido do livro.

espirais... merecem muita atenção, O DNA é uma espiral, precisa falar mais?

Propositalmente ambíguo, uma das interpretações do conto é de que trata-se de uma metáfora em que mundo e livros acabam sendo as mesmas coisas. "Ler um texto é tentar decifrá-lo, mas se considerarmos que o próprio mundo está impregnado de linguagem, a própria realidade pode ser considerada como uma grande biblioteca cheia de textos à espera de quem os decifre." (da Wikipedia).

Fico devendo uns desenhos para dar um enfoque visual a seus mundos fantásticos. Vou procurar. Mas uns fractais me pareceram adequados ao assunto...

P.S. Um fato óbvio me passou despercebido: seria a internet o embrião de uma nova Babel? Pela ritmo alucinante com que a tecnologia tem se desenvolvido, imagino o grau de interação que nossos netos e bisnetos vão ter com o conhecimento (isso se não arruinarmos nossa nave-mãe nas próximas décadas). Downloads no cérebro, mundos virtuais que se confundirão com a realidade, Borges certamente gostaria de testemunhar esses saltos tecnológicos... ou não. A web e a Biblioteca de Babel padecem dos mesmos males, o excesso de informações, muitas delas de veracidade questionável. Pessoalmente, quanto mais surfo, mais me afogo.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Animação - estilo Tim Burton

http://www.escalofrio.com/n/ani_emmeline/emmeline.swf

Apesar de ser natal e nessa época as pessoas trocarem mensagens edificantes, gostei desse desenho anti-natalino. De qualquer forma... feliz natal.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Sem título

Grandes Enigmas da Humanidade - Parte 2 - A Conexão África-Olmeca


Mapa mostra a extensão do Império Olmeca


O conteúdo desse blog estava ficando meio pesado, mais para matéria do pesadelo. Voltemos, portanto, para um dos meus assuntos favoritos: mistérios históricos. Gosto de transformar os posts em séries, fiz isso com os deuses egípcios, diálogos de filmes, atores e atrizes não tão famosos, teorias conspiratórias, realidade da mente etc. Mas uma série, pobrezinha, empacou no capítulo 1, um post escrito no remoto mês de março. Logo ela, que tinha um nome tão pomposo...Grandes Enigmas da Humanidade. É com orgulho que a trago de volta à vida em grande estilo, como verão a seguir. Para fazer parte dessa série o negócio tem que ser cabuloso mesmo, essas coisas que os cientistas céticos ficam tentando provar que é fraude mas acabam varrendo o mistério pra baixo do tapete porque não conseguem apresentar uma explicação racionalista, adequada à História Oficial. Quando estou pesquisando coisas desse naipe, gosto de conhecer as duas versões do fato. Sempre há a versão crédula, imaginativa, elaborada por um cientista doidão que não tem a menor credibilidade entre seus pares e quase sempre inclui ovnis em suas teorias; e a versão séria, predominante, chata e previsível. Esses caras diziam que o Homo Sapiens só tinha chegado na América Latina há relativamente pouco tempo, sempre sustentando a idéia que havia vindo da Ásia através do Estreito de Bhering, no Alaska. Aí descobrem Luzia, a mineira de Lagoa Santa com 11.000 anos e os cientistas caretas são obrigados a reformular seus dogmas e postulados. Na minha opinião, eles não têm a menor idéia do que já aconteceu e quem já viveu em nosso planeta. O relato a seguir apenas corrobora minha opinião. Por isso gosto desses pesquisadores alternativos, menos científicos, mas muito mais instigantes.

A América Latina, antes dos maias, incas e astecas, já hospedou um povo do qual pouco conhecemos. Eles foram os "pais" dessas três civilizações mencionadas. Mais do que isso, diversos avanços tecnológicos creditados a esses três povos na verdade foram obra dos Olmecas. Há quem diga que eles foram mais evoluídos que os tradicionais pré-colombianos. Foram os primeiros a erigir pirâmides em nosso continente, mas a escassez de relíquias que forneceriam mais dados sobre essa avançada civilização é frustrante. Os traços de sua cultura que resistiram ao tempo são absolutamente intrigantes e inexplicáveis.

Monumento encontrado em San Lorenzo

Aparentemente se estabeleceram onde se situa hoje em dia o sul do México, mas não se pode afirmar que se restringiram à essa região, pois foram encontradas relíquias de arte olmeca em El Salvador, a centenas de quilômetros dali. Além disso, artefatos esculpidos em jade indicam que tiveram acesso a terras bem distantes, pois esse elemento inexiste em seu território. Estima-se que prosperaram por cerca de 800 anos, entre 1200 A.C. e 400 A.C. Foi a primeira civilização ocidental a ter uma escrita, estranhamente similar à escrita de alguns povos africanos. Forneceram informações astronômicas que possibilitaram os maias a desenvolver seu incrível calendário. Em sua "Era de Ouro" tiveram várias cidades e produziram objetos em cerâmica em fornos cuja temperatura chegava a 900 graus, feito igualado apenas pelos egípcios no mundo antigo. Ninguém sabe o que causou o fim da civilização.

La Venta

"Olmeca" significa "povo da borracha" em nahuatl, a língua falada pelos ancestrais dos astecas. Eles dominavam a extração do látex, que era misturado ao sumo de outra planta para obtenção da borracha. O termo também se refere a um jogo que utilizava uma bola de borracha, o tataravô do nosso futebol. Diz-se que era um jogo extremamente difícil de ser praticado, os jogadores só podiam usar suas ancas pra fazer a bola passar por um estreito aro. O time perdedor era sacrificado em honra aos Deuses.
San Lorenzo

Contudo, o dado mais inquietante sobre a cultura olmeca diz respeito às suas manifestações artísticas. Os monumentos históricos mais antigos do México são imensas esculturas de cabeças humanas, talvez representações de seus líderes. Do tamanho de um automóvel, uma dessas cabeças viajou 70 quilômetros até o local onde foi encontrada. Como isso foi possível? Mas o mistério maior não está aí. Conforme pode-se ver nas fotos, as cabeças claramente representam pessoas negras: o nariz achatado e os lábios carnudos não deixam dúvida sobre a etnia retratada. Não há nada semelhante em toda iconografia pré-colombiana. E mais: a escrita dos maias e dos berberes (povo africano) são similares demais para serem tidas como simples coincidência. Como os olmecas travaram contato com africanos? Seriam eles próprios da raça negra? Nesse caso, o que houve com eles depois do colapso de sua civilização? Isso ajudaria a explicar as semelhanças entre as pirâmides maias e egípcias? E como isso tudo encaixa na Historiografia Oficial, aquela que é ensinada nas escolas, tão exata e infalível como aritmética?

Parafraseando Sócrates: "Tudo que sei é que nada sei"...

Cartaz marca território zapatista: "Aqui o povo manda e o governo obedece. É estritamente proibido o tráfico de armas, venda e consumo de drogas, bebidas alcoólicas"... não precisa traduzir.

P.S.
A mesma região que foi o lar dos Olmecas é a mais pobre do México, mas também onde o povo é politicamente mais ativo, vota maciçamente no partido da esquerda e liderou os protestos nas últimas eleições presidenciais, supostamente fraudadas. O Exército Zapatista, forte opositor do neoliberalismo e da influência norte-americana no país, também foi formado em antigas terras Olmecas. Nascido em 94, é considerado o primeiro grupo revolucionário pós-moderno, combinando uma aguerrida militância de camponeses e índios, apoio em centros urbanos e uso de meios modernos como a web e telefones por satélite para se articular e angariar apoio internacional. Merece um post exclusivo e mais atenção de nós, brasileiros, desorganizados, despolitizados, desiludidos, sempre de costas para nossos hermanos latinos.


quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Shake Hands with the Devil - O Dia Seguinte

Esqueci de mencionar algumas coisas no último post, a começar pelo título: trata-se de um livro escrito pelo General Roméo Dallaire que acabou transformando-se em um documentário em 2004; esta foi uma das fontes que usei para escrever o artigo, junto com verbetes da wikipedia. Não assisti o filme Hotel Rwanda, mas isso não me impede de recomendá-lo: pelo que soube, esse longa manteve-se fiel aos fatos, sem resvalar em sentimentalismos. Creio que o personagem de Nick Nolte seja Dallaire no filme. Vi o documentário na tv a cabo, HBO eu acho, provavelmente não está disponível em DVD, então veja o filme. Vi também Abril Sangrento, bem intencionado, mas como filme, apenas mediano.

Respondendo às perguntas:

- Dallaire foi enviado de volta para seu país, o Canadá, pouco depois que a guerrilha tutsi ganhou controle integral de Rwanda, finalmente acabando com o genocídio. Em casa, caiu em profunda depressão, sufocado por sentimentos de culpa. Em 1996, recebeu dos EUA uma Comenda da Legião do Mérito, a mais alta condecoração para estrangeiros. Uma forma de pedido de desculpas pelo fato de terem dado costas a ele quando mais precisou. Sofrendo de stress pós-traumático, foi aposentado pelo exército canadense em 2000. Na mesma época atingiu o fundo do poço ao ser encontrado desmaiado em um parque: havia tomado uma overdose de anti-depressivos e foi internado com sérios sintomas de intoxicação. A história repercutiu, incentivando o debate sobre o excesso de responsabilidades que oficiais da ONU têm que suportar. Após esse episódio, começou a escrever seu livro e a fazer palestras, confessando que chegara a contemplar o suicídio como única solução para o inferno interior em que vivia. Em uma entrevista concedida em 2003 para o documentário Ghosts of Rwanda ele afirma:

"Rwanda nunca vai me deixar. Está em meus poros, minha alma está naquelas montanhas, meu espírito está com os espíritos daqueles que foram chacinados..."

Ao longo dos anos seu trabalho foi sendo reconhecido, ganhando inúmeras honrarias. Não nos esqueçamos que ele chegou a ser duramente criticado por permitir que dez soldados belgas fossem mortos, como se eles fossem mais importantes que os 20.000 ruandeses que salvou.
Dallaire é casado, tem 3 filhos e mora em Quebéc, Canadá.


- O fim da matança de tutsis apenas iniciou outra tragédia, o auto-exílio de 2 milhões de hutus, que fugiram de Rwanda por temerem retaliações, pois boa parte deles participou ativamente da matança. Milhares morreram em epidemias de disenteria e cólera. Eles eram tantos que desestabilizaram o equilíbrio de forças na região, indiretamente causando a Guerra do Congo.

Algumas penas não chegavam a 5 anos de prisão

- Eventualmente os refugiados retornaram ao país, possibilitando o início do julgamento dos responsáveis pela barbárie que reinou em Rwanda por 100 dias em 94. Dois tribunais foram instaurados, o ruandês lidaria com os assassinos que estavam "seguindo ordens", o da ONU julgaria aqueles que "deram as ordens", como membros do governo e oficiais do exército. Quanto mais os julgamentos se aprofundavam, mais culpados surgiam. O número de condenados, contudo, é irrisório, a maioria dos assassinos vai ficar impune. Mesmo o líder da guerrilha tutsi admitiu que poderia ter agido no início, mas preferiu deixar que mais tutsis fossem mortos a fim de justificar sua conquista do governo ruandês. Destacam-se a participação da França, que treinou, municiou e depois protegeu as milícias hutus (Interahamwe) e da Igreja Católica - Rwanda é o país mais católico do continente - à vezes omissa, noutras francamente a favor do genocídio. Hoje o país permanece com cerca de metade da população faminta e com uma economia baseada quase que exclusivamente no turismo e exportação de café.

- Nesse momento, sei de ao menos um lugar na África onde um genocídio está em curso: milícias muçulmanas caçam católicos como se fossem animais no sul do Sudão.

Poderia estender esse post, relatando a apatia de cada país ou organização que poderia ter evitado o genocídio e suas atitudes desastradas para não parecerem tão "maus" perante a opinião pública. Mas posso resumir que, de forma geral, todos foram hipócritas e insensíveis ao extremo. Muito sério, muito sintomático, muito triste. O que houve em Rwanda é uma prova da "desumanização" da Humanidade, o triunfo da indiferença sobre a solidariedade, da frieza dos objetos inanimados sobre o calor humano.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Shake Hands with the Devil - O Inferno é lá mesmo

Roupas das vítimas do genocídio


Imagina a situação: você está empunhando uma arma, mirando sua própria mãe (ou pai, filho, companheiro, alguém muito especial) enquanto outra pessoa está apontando uma arma para você. Essa pessoa diz:"ou aperta o gatilho, mata sua mãe e sobrevive ou eu mato vocês dois".

Não peço para sequer pensar nesse dilema. Ele abre o texto porque foi uma situação emblemática do genocídio que ocorreu em Rwanda, minúsculo país centro-africano cuja perversa forma de colonização européia detonou em 1994 uma das mais violentas catástrofes do século. Um belo país (as paisagens remetem às montanhas de minas) um povo alegre e cordial. No entanto, as atrocidades que ocorreram em uma espécie de paupérrima guerra civil - a maior parte dos assassinatos foi feita a golpes de facão - não encontra paralelo no sangrento Século XX, e olha que a concorrência é braba. Entre 800.000 e 1.000.000 de pessoas morreram em não mais que 100 dias, mais do que um a cada dez ruandeses pereceu.

General Dallaire

Lembro de ter lido no jornal sobre o genocídio, sempre matérias secundárias, a imprensa julgava o boquete da Monica no Clinton mais importante, depois vinha a Guerra na Iugoslávia e só então lembravam dos africanos. Em matéria de linhas de jornal, a morte de um americano corresponde à morte de uns 1.000 africanos. Êta mundinho fudido. Líderes de países ricos manifestavam publicamente sua preocupação com a matança, mas nada se fez para evitá-la. Jornalistas estrangeiros já alertavam sobre a iminência de uma chacina de grandes proporções, mas quem podia intervir, EUA e Europa, nada fizeram. Quase todo o contingente militar da ONU estava no conflito europeu e acabou sobrando para o General canadense Roméo Dallaire, chefe da UNAMIR - Union assistence Mission for Rwanda. Ele estava no país há pouco mais de um ano, mas logo aprendeu que uma rivalidade étnica foi a causadora da barbárie.

No passado, antes da vinda dos colonizadores alemães, depois belgas, as etnias hutu e tutsi conviviam harmonicamente. Os tutsis eram a elite, donos do gado, os hutus trabalhavam na lavoura. A fim de se prevenirem contra movimentos emancipatórios, os belgas incentivavam disputas entre as duas etnias, fomentavam o ódio de forma irresponsável e inconsequente. A independência foi obtida nos anos 60, mas pouco mudou as coisas. A presença alemã no país foi tida como igualmente perniciosa. Julgava-se que os tutsis tinham uma ascendência nobre, oriunda do norte e que seu papel era subjugar os hutus subsaarianos.

Foi em 89 que a tragédia começou a se prenunciar. O preço do café, principal produto de exportação do país, caiu pela e ao mesmo tempo uma seca piorou ainda mais as coisas. O governo, de maioria hutu, investia nas forças armadas em detrimento de itens como infra-estrutura, saúde e educação. No final de 90, guerrilheiros tutsis apoiados por Uganda invadem o país, em 93 a ONU intervém e convence ambos os lados a assinarem um tratado de paz, o Acordo de Arusha. Cria-se um governo de coalizão, dividindo o poder entre hutus e tutsis. Um verdadeiro estopim de pólvora, sobretudo porque os extremistas hutus foram ignorados nas negociações, o que aumentou ainda mais sua revolta contra os tutsis. Nessa época Dallaire chegou no país com um efetivo de 2.500 soldados da ONU, os famosos capacetes azuis. Outro grande erro do comando central da ONU foi de proibir Dallaire de interferir em conflitos esporádicos, enquanto preparativos para o genocídio eram visíveis. No rádio, pregava-se o ódio aos tutsis. Militares hutus treinavam e aparelhavam mini guerrilhas. França e Inglaterra supriam com artefatos bélicos em escala crescente. Em 6 de abril de 94 um avião foi abatido matando os Presidentes de Rwanda e Burundi, ambos hutus. Até hoje não se sabe quem foi o responsável. Culpa-se Paul Kagame, líder da guerrilha tutsi, a guarda pessoal do Presidente ruandês, de tendência radical hutu, e mesmo a CIA.

O que importa é que aquele foi o pretexto para a matança começar, embora inúmeras evidências apontem para o fato que toda a violência que se seguiu foi premeditada, cuidadosamente planejada. No rádio, os locutores exortavam os ouvintes a sair para "cortar árvores". Dallaire entrou em atrito com autoridades militares que se recusavam a cumprir os termos do Acordo de Arusha, que estabelecia que o poder deveria ser repassado à Primeira-Ministra Agathe. Antevendo mais crimes, Dallaire enviou uma escolta de dez capacetes azuis belgas para protegerem a residência da política. Foram encontrados mortos no dia seguinte, com requintes de crueldade inimagináveis: sua genitália fora cortada e introduzida em suas bocas, de modo que morreram por asfixia. OK, eu podia tê-los poupado desse mórbido detalhe, foi mal. Outros membros do governo que não se mostrassem alinhados com os radicais hutus também foram assassinados, assim como suas famílias. O inferno instalou-se em Rwanda e o demônio apossou-se da alma de milhares de ruandeses. Vamos supor que você fosse um hutu e seu vizinho, gente fina, amigo de longa data, um tutsi. Uma milícia hutu invade sua casa e te obriga a ir à casa do vizinho. Ou você mata ele e sua família com golpes de facão ou a milícia mata você e sua família, não importando que sejam todos hutus. Imagine essa situação repetindo-se centenas de vezes, em todo o país. Tutsis e hutus moderados, em total desespero aceitam o convite do pároco local para se refugiarem na igreja. Quando todos estão lá dentro, as portas são lacradas e com a conivência do padre, a igreja é incendiada, todos são queimados vivos. Dallaire pediu um reforço de mais 5.000 homens, mas ocorreu o contrário: de seus 2.500 comandados, apenas 500 permaneceram no país após a mídia noticiar o bárbaro assassinato dos soldados belgas. Dallaire passou a assistir um show diário de horrores sem poder fazer quase nada. As últimas ordens da ONU o instruíam a proteger a comunidade de estrangeiros brancos a se retirar do país. Com um contingente drasticamente reduzido, Dallaire foi obrigado a abandonar sua estratégia de estabelecer áreas de segurança para a proteção de vítimas potenciais e deixou duas mil pessoas em uma escola à mercê das milícias hutus. Centenas de crianças foram covardemente mortas. Mesmo assim, estima-se que as ações de Dallaire salvaram pelo menos 20.000 pessoas. Após esse incidente, o Conselho de Segurança da ONU decidiu diminuir ainda mais o número de capacetes azuis no país para 260 soldados.

Sabe-se que o "mundo civilizado" não foi apenas omisso no genocídio. Um avião francês que estaria supostamente em Rwanda para evacuar os estrangeiros aproveitou a viagem para suprir as milícias hutus com mais armamentos. O governo interino minimizava a magnitude das chacinas, para os mandachuvas da ONU o problema era de ordem interna, portanto estrangeiros não deviam intervir. Mesmo a Igreja Católica, ligada aos radicais hutus, usou sua influência para impedir que as matanças cessassem.

Foi apenas em 29 de abril daquele ano, 3 semanas depois do início do banho de sangue que a ONU reconheceu que "houve atos de genocídio em Rwanda". Estima-se que nesse período 500.000 pessoas já haviam morrido. Enviou-se uma força-tarefa de 5.500 soldados, a maioria africanos e pediu-se aos EUA que fornecessem 50 aeronaves de transporte e combate. A ajuda demorou a vir devido a motivos financeiros - o custo de US$6.500.000,00 foi considerado alto pelos americanos.

A responsável pelo fim do genocídio foi a RPF, a guerrilha tutsi, que derrotou as forças hutus em cerca de 3 meses. Obviamente, aquilo trouxe alívio aos poucos tutsis que sobreviveram - 4 em cada 5 morreram - e pânico aos hutus. E então? Que foi feito de Dallaire? Os responsáveis foram punidos? Qual é a situação atual em Rwanda? Ou isso não te interessa a mínima? Se a resposta à última questão foi "sim", saiba que já foi apresentado ao Diabo e vocês descobriram que têm muita coisa em comum...

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Vamos chamar os caras de Brasilia pra queimar quem fez Turistas! Hooray!

Um filme de extremo mau-gosto, aparentemente feito nas coxas e tão desprovido de valores que o próprio fato de ter sido realizado já é uma vergonha. Mesmo assim provoca celeuma na mídia, nos blogs, nos fóruns de cinema. Isso sim é revoltante. Vejam o que um americano escreveu no IMDB:

I can remember when Horror films were 'The Pit and the Pedulum' with Vincent Price. This film is not about horror in the classic sense. It is about extreme violence and gore. The acts of demonic violence committed in this film demonstrate film making at it's very worst. In simple terms this film is morally bankrupt and a complete piece of garbage, I don't want to know anyone who may be so devoid of values as to actually say they liked this piece of trash. The fact that films like this actually get made is a sad commentary on our culture. However, the worst part is not that films like this are actually made, the worst part is the people actually pay money to see them. Now that is truly horrifying.

Ele sente saudades dos filmes clássicos de horror com Vicent Price - podemos adicionar Peter Cushing, Bela Lugosi e Lon Chaney - e diz que Turistas não tem nada a ver com esses filmes, trata apenas de violência explícita, mostrando quão baixo um filme pode ir. Ele declara Turistas moralmente falido e diz que não quer conhecer uma pessoa tão desprovida de valores a ponto de gostar do filme. E arremata com precisão ao apontar que o pior não é o fato de filmes como esse serem feitos, o verdadeiro horror reside naquele que paga 10 paus para vê-lo.

Gostei do que ele disse. Quem se queixa do filme por estereotipar os brasileiros está indignado pelos motivos errados. Ele poderia ter sido feito na Europa, África, Los angeles... não importa. O mundo desce uma montanha-russa de desagregação de valores e boa parte dos idiotas levanta os braços e grita Uhuu, enquanto mergulham na banalização da morte e do desrespeito a todos os seres vivos. Depois, todo mundo fica escandalizado quando 4 mauricinhos ateiam fogo a uma pessoa viva e se desculpam: "achamos que era um mendigo". Genial. Ação e reação, a velha lei de Newton se repete da forma mais lamentável na maneira como tratamos o semelhante. Não me lembro da última vez que uma pessoa cometeu a gentileza de segurar a porta de um estabelecimento para eu entrar. A indiferença que leva ao anestesiamento das emoções começa em coisinhas assim.

Ralph Heimans

Uma tentativa de fugir um pouco do abstrato e do psicodélico
Composition: Jazz, 2002, London


The Dialogue, 2005, Dubai


NATUREZAS MORTAS

Vanitas,1992, Sidney

Reflected Still Life,1999, UK

The Instruments of Knowledge,1994, Sidney



Mais imagens (e em maior escala) no endereço: http://www.ralphheimans.com/home.html