quarta-feira, 30 de julho de 2008

Dandelion

Quando sua segunda filha nasceu, Keith Richards batizou-a "Dandelion". Ela mudou seu nome assim que pôde para "Angela"


Prince or pauper, beggar man or thief
Play the game with every flower you bring
Dandelion don't tell no lies
Dandelion will make you wise
Tell me if she laughs or cries
Blow away dandelion

One o'clock, two o'clock three o'clock, four o'clock chimes
Dandelions don't care about the time
Dandelion don't tell no lies
Dandelion will make you wise
Tell me if she laughs or cries
Blow away dandelion, blow away dandelion

Though you're older now it's just the same
You can play this dandelion game
When you're finished with your childlke prayers
Well, you know you should wear it

Tinker, tailor, soldier, sailors lives
Rich man, poor man, beautiful, daughters wives
Dandelion don't tell no lies
Dandelion will make you wise
Tell me if she laughs or cries
Blow away dandelion, blow away dandelion

Little girls and boys come out to play
Bring your dandelions to blow away
Dandelion don't tell no lies
Dandelion will make you wise
Tell me if she laughs or cries
Blow away dandelion, blow away dandelion

Charles Wish


Já tinha muito tempo que eu eu não achava um artista plástico legal na web. Aí o stumble me vem com um mais ou menos no estilo dos caras que já publiquei, como o Yerka. Mas mais doido ainda. O cara mescla cultura pop, igreja, o american way of life e erotismo numa embalagem onírica, ou perturbardora, se preferir. Não vá julgando à primeira vista, a reação inicial remete a morbidez e perversidade, contudo, o tal Charles Wish é cuidadoso, detalhista. Tem coisas que se parecem com polaróides do inconsciente.


Vejo uma vontade de romper convenções: a garota de piercing chupa um picolé ligado por um fio ao carrinho do sorveteiro, que parece pertencer a um homem-elefante. Seria uma referência ao filme de David Lynch?


As imagens mereciam estar num tamanho maior. Repare no simbolismo da moldura da janela: um triângulo invertido, dentro de um quadrado, dentro de um octógono. No telhado, o boneco de um fauno(?).

Essa eu acho que o Jabor ia gostar. Bin Laden é Cristo, e parece estar prestes a ser esmagado por um trator; o ás de espadas na cruz, o verdadeiro Cristo dá a impressão de ser o condutor, segurando o rabo do diabo (???). O anjinho Tio Sam observa. E por aí vai. Estou achando esses comentários meus supérfluos e idiotas.

Dentre as que mostrei é a minha favorita. Não, não é por causada mulher pelada, várias outras que descartei também têm. O belo tom do céu com nuvens espiraladas. Um John Wayne comendo pipoca enquanto ouve conselhos de um anjo. O símbolo do feminino ao fundo.

Wish nasceu em 1971. Estudou religiões orientais, com ênfase em budismo tântrico, seitas indianas e filosofia hindu, chegando a morar num monastério. Simultaneamente, era fascinado com pintores regionalistas americanos, como Grant Wood - autor do célebre American Gothic:


Agora, a paródia, ou tributo, de Charles Wish:


Como diz a biografia dele, num mundo onde as barreiras culturais foram demolidas, Wish se utiliza de uma realidade onde cada cultura foi afetada e alterada por influências externas, e que para a Humanidade encontrar seu território em comum (com o outro e consigo mesmo) é necessário harmonizar essas múltiplas culturas para enfim criar sua própria individualidade a partir de um repositório infinito de possibilidades. Ficou confuso? No original está melhor.

A biografia vai mais além. As visões de Deusas Tântricas associadas a paisagens rurais, apesar de parecerem opostas, na ótica de Wish se complementam: os temas orientais trazem mistério e possibilidades infinitas, o provincianismo remete à preservação da cultura e tradições locais. O efeito, tanto no artista quanto no espectador resulta numa abordagem inclusiva, em busca da quintessência - esse termo não consta no original, mas achei que caía bem - das coisas até chegarmos aonde "resta apenas o divino".

Wish está vivo, casado, mora na Califórnia e aos poucos está ganhando notoriedade. Um crítico classificou seu estilo como "surregionalismo".

Alguém gostou? Achei que seria um prato cheio pra quem se liga nessas coisas de inconsciente, semiótica e mais uma porção de assuntos impertinentes. Dá até pra brincar de "ache a referência". Tem mais um monte em: http://www.charleswish.com/index.htm
Enjoy.