terça-feira, 15 de abril de 2008

Do the Evolution

Houve uma época, há muito menos tempo que parece, que o videoclipe era o supra-sumo da modernidade. Ir na casa de um amigo e ficar vendo aqueles filminhos toscos e cafonas dos anos 80 era super "in", como se falava, ou em português atualizado, o hype. Céus, estou falando como minha avó! "No meu tempo"..., "a gíria da época", "não se usava fazer isso"... São expressões típicas de quem julga pertencer a outro tempo, nostálgico. Pois é. No meu tempo o Michael Jackson ainda era um ser humano e amarrava-se cachorro com linguiça. Ha ha ha...

Michael does the evolution

Foi esse cara, hoje tido como aberração da natureza, que revolucionou não só a dança, mas toda a indústria da música. Antes do MJ havia o pop e o rock. Esses gêneros não se misturavam, da mesma forma que nos EUA havia as rádios de brancos e as rádios de negros. Depois que Jacko fez seu passo de dança moonwalk num show em maio de 83 o mundo nunca mais foi o mesmo. A partir daí ele foi rompendo um tabu após o outro (pena que alguns tabus não são exatamente motivo de orgulho), recorde sobre recorde. Em dezembro do mesmo ano ele se juntou ao diretor John Landis para mais uma revolução, desta vez com um clipe, Thriller. E os clipes ganharam um status que não tinham até então.

Se não fosse MJ, nunca teríamos obras espetaculares como Do the Evolution, uma animação soberba em cima de uma canção do Pearl Jam. Você já deve ter visto, está em toda seleção de "melhores clipes". Mas vale o registro. Além do mais, acho que me saio melhor quando não escrevo besteira. O desenho é tipo uma versão enxuta de The Wall, atualizada pros anos 90. O traço do Todd McFarlane (das HQs Spawn) se adequa perfeitamente ao tom contestador, pessimista, incisivo, da letra, um resumo da história de nosso planeta, mais que isso, um mea culpa da raça humana, chegando a ser quase profético, visto que data de mais de 10 anos atrás. Influenciou muita coisa que veio depois, como Matrix. A manipulação das massas através da religião, a banalização da violência, o endeusamento da brutalidade e da alienação, os saltos tecnológicos que paradoxalmente nos desumanizaram ainda mais, gradualmente privando a singularidade de cada um. Máquinas cada vez mais parecidas com pessoas e vice-versa. O demônio personificado por uma gatinha irresistível. Um bebê brincando com um 38 carregado, acho que essa seria a síntese. E a música é rock´n roll da melhor estirpe, espécime cada vez mais raro. Confira aqui. Tentei copiar e colar a letra de vários sites, mas sempre vinha desconfigurado. Mas você pode ver aqui. Depois traduzo.

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