Acredite naqueles que buscam a verdade. Duvide dos que já a encontraram. André Gide
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Qual é a do Mike Yanagita?
Fargo (1996) revelou ao mundo os irmãos cineastas Joel e Ethan Coen, figuras carimbadas no blog. Ganhou os oscars de atriz para Frances McDormand e roteiro; onze anos depois eles coroariam o processo de conquista do cinema comercial com Onde os Fracos Não Têm Vez, que ganhou o de melhor filme, entre outros. Fargo, uma falsa história real, (brincadeira de mau gosto típica dos Coen) trama inclassificável, misturando drama, comédia e policial e um olhar impiedoso sobre a miserável condição humana, talvez seja seu filme mais emblemático. Ambientado nos confins gelados da América profunda, narra a tragédia pessoal de um vendedor de carros (William H. Macy, excelente) que contrata dois criminosos para sequestrarem sua própria esposa para depois receber o resgate do sogro. É lógico que dá tudo errado, o plano resulta na matança sem sentido de várias pessoas. Uma policial grávida (McDormand) começa a investigar os assassinatos e no meio de suas incursões encontra-se em um restaurante com um antigo colega de escola. É nesse ponto que eu queria chegar.
O encontro parece estar desconectado do restante do roteiro, o personagem Mike Yanagita não tem relação alguma com a história, fora o fato de ter estudado com a policial. Mas é claro que a cena não está ali gratuitamente. Mike conta que casara-se com uma amiga em comum e que depois ela teria desenvolvido leucemia, morrendo pouco depois. Ele se mostra deprimido e carente e chora ao relatar a história. Em seguida a policial dá uma desculpa e vai embora rapidinho, Mike também é chato e inconveniente. Posteriormente, descobrimos que na verdade ele nunca se casou, teve sérios problemas emocionais e virou um desses caras que persegue mulheres obsessivamente, um stalker. Apesar de seu comportamento doentio, acabamos nos apiedando dele. Na internet há algumas explicações para a existência da cena. Uns dizem que ela causa um insight na policial, a única personagem do filme que parece ter princípios morais, que ao descobrir que Mike mentira elabora a hipótese que talvez uma das pessoas que investiga também estaria contando uma elaborada lorota. Faz sentido. Mas também há umas explicações mais filosóficas. Assista o trecho em http://www.youtube.com/watch?v=r_Ge4F4E9JE. Se você viu o filme, acha a cena supérflua ou gostou de sua impertinência? Se não viu, está vacilando.
domingo, 15 de agosto de 2010
Livrem-se dos livros
Deu na folha de hoje: aqueles que trombeteavam que a "literatura" está morta há anos (Dan Brown e Paulo Coelho supostamente não se encaixam nessa definição) e que o livro, no formato que conhecemos, fatalmente seguiria o mesmo caminho, vão ter que engolir seus vaticínios. Como diria nosso garboso presidente, nunca antes na história do Brasil - ou do planeta - publicaram-se tantos títulos (um milhão por ano) e os best-sellers nunca venderam tanto. Agora, se as pessoas preferem ler Augusto Cury a Herman Melville são outros 500.000 exemplares.
Por outro lado, aquelas edições bacanas de capa dura imitando couro com que nossos avós adornavam suas vetustas bibliotecas, hoje são raridades. A popularização veio de mãos dadas com a banalização, compramos mais livros em supermercados e bancas do que em livrarias... isso me faz lembrar de uma crônica do Daniel Piza, se não me engano. Ele relata que teve o carro arrombado, levaram o sistema de som, alguns cds e na dúvida entre um pé de meia sujo e dois ou três livros, o(s) gatuno(s) preferiram levar apenas a peça de seu vestuário. Em suma: não vamos nos empolgar com as vendas recordes de obras de auto-ajuda, o brasileiro tem uma semi-alergia a livros e não vai se curar tão cedo. Só pra dar uma ideia do abismo que nos separa de uma Inglaterra, por exemplo: lá perderam-se 36.000 livros apenas no sistema de transportes londrino. Aqui, a Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, uma das maiores do país, acabou de reabrir com 42.000 exemplares. Mas a gente ainda chega lá: no metrô de Sampa já largaram quase 3.000 objetos entre material escolar, de escritório e livros. E houve um crescimento de 80% entre 2005 e 2009.
Você deve estar se perguntando: então quanto mais livros forem perdidos, mais instruída estará a população? Ou seria exatamente o oposto, como na crônica do Daniel Piza? O especialista americano entrevistado na matéria do jornal acha a pergunta boa, mas não dá uma resposta exata. Em vez disso apresenta uma versão otimista e outra pessimista. Na primeira, que ele prefere por ser americano, é que o aumento das perdas simplesmente reflete o fato de mais pessoas estarem circulando com mais livros. Na outra, a explosão no número de títulos publicados estaria banalizando a relação entre o leitor e o livro, que está se tornando um objeto descartável. Se você chegou a ler até aqui, isso significa que tem algum nível de intimidade com a leitura. Então tenho uma pergunta: quantos livros comprou nos últimos doze meses? Eu não passei de cinco. Só pra instigar nosso complexo de vira-lata: na Inglaterra o consumo anual é de 18 exemplares por pessoa...
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Coletânea 1: Best of Serious Stuff
-O Primeiro Post
-Comentário sobre o filme Olhos de Serpente e crítica à publicidade
-A decadência dos EUA, de Roma e o Medievalismo Brasileiro
-Sonhadores
-Um dos meus favoritos
-Documentário imperdível sobre Racismo
-Kurt Vonnegut: Matadouro 5
-Conhece Torquato Neto?
-A Realidade da Mente
-Reflexões sobre o Brasil
-Flagrantes de outro espaço-tempo
Acho que por hoje basta. Leiam, comentem; escolhi para você, leitor ausente
As 3 Leis de Clarke
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- Quando um cientista distinto (renomado) e experiente (de mais idade) diz que algo é possível, ele está quase certamente certo. Quando ele diz que algo é impossível, ele está muito provavelmente errado.
- O único caminho para desvendar os limites do possível é aventurar-se além dele, através do impossível.
- Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da mágica.
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
3 Citações
Sua única obrigação na vida é ser fiel a si mesmo. Richard Bach
Não ande na minha frente porque posso não segui-lo
Não ande atrás de mim porque posso não liderar
Apenas ande do meu lado e seja meu amigo. Albert Camus
domingo, 7 de fevereiro de 2010
sábado, 16 de janeiro de 2010
Contatos Imediatos com o Marketing
Fui no cinema. Avatar em 3-D estava esgotado, então escolhi Contatos do 4to. Grau. Começa com um depoimento da atriz principal dizendo que os eventos a seguir são verídicos e que alguns trechos são vídeos autênticos gravados pela psicóloga Abby Tyler; sessões de hipnose em que seus pacientes relatam episódios de abdução alienígena. Criaturas com o semblante de corujas supostamente aterrorizam as madrugadas de dezenas de moradores de uma pequena cidade chamada Nome, no Alasca. Com a ajuda de um especialista, a Dra. Abby descobre que nas gravações os entes do além se comunicam em sumério, a língua mais antiga conhecida.
Bom demais para ser verdade. Como todo bom escapista, sou aficcionado por ocultismo, especialmente por histórias de OVNIs. Na internet não acho registro algum da psicóloga, descubro que os vídeos “reais” são encenações e que a distribuidora Columbia doou dinheiro para a cidade a fim de criar notícias e obituários fictícios. Uma espécie de versão ufológica de A Bruxa de Blair, puro marketing.
No meio de tantas mentiras, alguns fatos curiosos. A cidade onde o filme se passa tem um histórico impressionante de desaparecimentos e parece ser alvo da atenção do FBI, mas daí para concluirmos que há uma onda de abduções no local é um passo longo demais. Por outro lado, há quem diga que a ausência de informações sobre a Dra. Abby na internet é parte de uma operação de acobertamento por parte de agências governamentais obscuras. Concluindo: a única abdução comprovada é a da verdade. E jamais vamos saber o que houve em Nome.