A maior parte das pessoas esclarecidas hoje em dia atribui a dependência de drogas à sua natureza aditiva. Contudo, quão poderosa de fato é a drogadição?A polêmica maior entre estudiosos do assunto é sobre isso: a intensidade com que elas interferem no auto-controle do usuário ou dependente.
No passado, drogadição era sinal de akrasia, termo grego que significa "fraqueza da alma". Nas últimas décadas, graças a pesquisas científicas, essa visão mudou por completo. O modelo psicosocial deu lugar ao modelo "patológico" (disease model). Essa teoria sustenta que a drogadição é resultado da estrutura química da própria droga. Nas palavras do psicólogo Stanton Peele: "tolerância, abstinência e fissura são propriedades de determinadas drogas, e o uso de certas quantidades delas faz o organismo inevitavelmente manifestar os sintomas mencionados". Esse ponto de vista moldou os princípios da "War on Drugs" nos E.U.A. e motivou a criação de frases dogmáticas como "O uso de crack uma só vez já te torna viciado", dizendo-se o mesmo quanto à heroína.
Uma espécie de grupo de neurônios, de nome "mecanismo de recompensa" é responsável pela sensação de bem-estar. A droga causaria a liberação de dopamina (ou serotonina, ou os dois) um dos neurotransmissores responsáveis pelo prazer. Sem as drogas, a dopamina é controlada e liberada em pequenas quantidades por neurônios inibidores. Com elas, esses inibidores são anulados, permitindo que a dopamina seja liberada em altas quantidades. O cérebro reage com sentimentos de euforia, mas o estímulo é excessivo, fazendo-o se auto-proteger, adaptando-se para se tornar menos sensível à droga.
Isso resulta em duas coisas: o drogadito tem que ingerir cada vez mais drogas. Isso é tolerância.
(Observação idiota: há vários tipos de drogas, umas mais, outras menos nocivas. As chamadas "pesadas", como cocaína e heroína, causam mais tolerância). A segunda consequência é que o mecanismo de recompensa fica menos sensível à endorfina, o neurotransmissor que regula a dopamina. Sem a droga vai-se o bem-estar. O drogadito se sente fisicamente muito mal. Isso é a síndrome de abstinência (curiosidade: a música "Cold Turkey" de John Lennon trata de sua própria síndrome).
Então o vício em drogas pode ser condiderado um fenômeno neurofisiológico, certo? O psicólogo Bruce K. Alexander discorda. Descubra porque no próximo post.
Obs: o assunto é polêmico e pouco entendo dele. Uma leitora fez uma retificações (valeu Let), por isso o republiquei com algumas correções. Talvez ainda cause discordâncias. Mas acho que tudo vai ficar explicado na conclusão.
5 comentários:
Nossa, vc exagerou ao dizer que "escreveu tudo errado". Pelo contrário. Vc está de parabéns se traduziu tudo isso!!! Essa linguagem técnica em inglês é realmente complicada.
Sobre sua pergunta, eu faço medicina...rs Mas não é por isso que sei essas coisas... é pq quero ser neurologista e além disso gosto mto dessa área neurocomportamental, ou seja, vc tocou no ponto...rs
Só discutindo um pouco, o mecanismo de recompensa é um nome dado a um mecanismo (como o próprio nome diz)- ele não designa um grupo de neurônios.
E mais uma vez, eu acho que é a endorfina que regula a dopamina. Estou te falando isso caso se interesse pelo assunto (e se vc postou isso, deve gostar, né? hehe)
E concordo... o assunto é polêmico, ainda há muito para ser descoberto sobre o mundo dos neurotransmissores. Amo esse assunto, mais uma vez, parabéns!!!
Parabéns pelo seu trabalho; continue sua pesquisa e lembre-se: seu talento sempre prevalecerá!
Queria só me desculpar aos que comentaram antes da atualização e cujas observações foram apagadas. Foi sem querer.
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